Que democracia? Vamos estar uma semana à procura da resposta

A Fundação Francisco Manuel dos Santos programou conversas e filmes para "aquecer os motores" para o encontro do próximo sábado. E também há democracia nas ruas.
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Já não há bilhetes para o encontro "Que democracia?", que a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) organiza no próximo sábado, em Lisboa, e que tem como cabeça-de-cartaz Mario Vargas Llosa, o escritor e nobel da Literatura peruano. Mas quem quiser ver o autor de Conversa na Catedral e os outros 13 oradores que vão estar ao longo do dia a debater a democracia que temos e a democracia que queremos, pode vê-los no computador (os debates serão transmitidos em streaming no site da fundação) ou no ecrã gigante que vai estar instalado na parede dos Armazéns do Chiado. Afinal, "não se pode debater a democracia numa sala fechada, pois não?", pergunta David Lopes, diretor-geral da FFMS.

E porque é necessário debater a democracia? "A fundação tem como principais objetivos contribuir para entendermos o país que somos e tentar projetar o nosso futuro. E fazemos isso de várias maneiras e também com este encontro anual em que escolhemos um grande tema para debater, tentando fugir da agenda de todos os dias, juntando as pessoas para parar e pensar, em profundidade", explica David Lopes. Os encontros anteriores foram sobre população, a Europa e, depois, sobre o "admirável mundo novo" da tecnologia e da ciência. "Neste ano, tendo em conta o estado do mundo, esta ansiedade que vivemos e a falência das instituições, quando o cidadão se sente perdido e às vezes desamparado, decidimos debater a democracia. A democracia é um valor que damos por adquirido mas a qualquer momento podemos ficar sem ela", acrescenta. "Se calhar este o tema central da própria fundação, pois na verdade queremos dar um contributo para o fortalecimento da democracia, fazer que as pessoas tenham uma opinião e uma voz, mas fundamentada."

O encontro é só no sábado, mas a programação arranca já hoje com uma série de conversas ao fim do dia que servem para "aquecer os motores ", abordando a democracia de prismas inesperados. "Queremos que a participação seja diversificada, que as pessoas não se sintam arredadas do debate", diz David Lopes.

Depois dos debates, à noite (21.30), há um ciclo de cinema que prolonga a reflexão, na Sala Mário Viegas do Teatro São Luiz. O programador do ciclo, Pedro Mexia, escolheu quatro filmes que "não fossem necessariamente os mais óbvios" sobre o tema: A Árvore, o Presidente e a Videoteca, de Eric Rohmer (hoje); Eleições, de Alexander Payne (amanhã), A Onda, de Dennis Gansel (quinta-feira), e Coriolano, de Ralph Fiennes (sexta-feira). São filmes que, diz Mexia, questionam a ideia de democracia: "É um regime problemático porque pode conduzir a resultados desastrosos - por exemplo, se os americanos elegerem Donald Trump. Mas também é único o regime que se pode criticar a si mesmo." Que se problematiza.

Que democracia?, pergunta a FFMS. E leva a pergunta para as ruas do Chiado, onde além do ecrã gigante vai haver quiosques multimédia e até um speach corner, ou seja um púlpito para quem o quiser ocupar. "A rua tem voz e é sinónimo de direitos. É um espaço de democracia", diz David Lopes. No final do encontro de sábado, após a intervenção de Vargas Llosa, haverá uma performance no Largo de São Carlos. Ao longo do dia, os que participarem no encontro no teatro serão convidados a votar em como querem que o encontro termine: se com uma apresentação de bailado, música clássica ou hip hop. "Temos três pequenos espetáculos preparados. Mas só o vencedor vai ser apresentado. É uma maneira de pôr em prática a democracia e brincar com o conceito."

PROGRAMA

Fins da tarde
no jardim da Fundação
18.00-20.00
Edifício Fidelidade, Largo Chiado 8

2ª-feira - 3 outubro
Democracia e Humor
Ricardo Araújo Pereira
e Nuno Artur Silva (moderação
de Victor Moura Pinto)

3ª-feira - 4 outubro
Democracia e Música
Sérgio Godinho, Sónia Tavares
e David Fonseca (moderação
de Nuno Galopim)

5ª feira - 5 outubro
Democracia e Literatura
Mário de Carvalho, Dulce Maria Cardoso e João Pereira Coutinho (moderação de Francisco José Viegas)

6ª-feira - 6 outubro
Lançamento do ensaio
A Democracia na União Europeia
Catherine Moury (autora) e António Goucha Soares (moderação de António Araújo)

Encontros da Fundação
Sábado - 7 outubro
08.00 - 20.00. Teatro São Luiz
Oito conferências, 14 oradores,
entre os quais e Ian Shapiro, Chantal Mouffe e Mario Vargas Llosa
(conferência de encerramento)

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