Quatro locais onde pode viajar no tempo até à Terceira Invasão Francesa

Se quiser saber mais sobre um dos capítulos mais marcantes da História do país, o Centro de Portugal recebe-o de braços abertos. Comece já a preparar a sua próxima escapadinha que, além de relaxante, promete ser educativa.
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Há eventos que mudam o futuro de um país para sempre. Um deles foi a Guerra Peninsular. Embora nunca tivesse estado em território português, Napoleão Bonaparte ordenou a sua invasão entre 1807 e 1810. A Terceira Invasão Francesa marcou a derrota definitiva das tropas comandadas pelo marechal Massena e o fim da retaliação de Napoleão Bonaparte contra Portugal.

De 1810 a 1811, militares de ambos os lados da barricada combateram na região Centro. Para trás ficaram inúmeros monumentos de enorme relevância histórica e militar, vestígios de um capítulo do passado e memória coletiva que vale a pena revisitar. E qual a melhor maneira de o fazer do que estar nos locais onde os nossos antepassados batalharam e resistiram? Das salas de aula para a estrada, descubra quatro locais que tem de adicionar ao seu roteiro.

Almeida: o ponto de partida

Em 1810, o marechal francês Massena entrou em Portugal com as suas tropas a partir da vila de Almeida. Assim teve início a terceira, e última, Invasão Francesa ao território lusitano. Nesta localidade do distrito da Guarda ocorreram alguns momentos-chave do conflito, como a explosão do barril de pólvora que destruiu o castelo de Almeida (do qual agora só restam ruínas) e o Combate do Côa.

Caso se encontre em Almeida, não perca a oportunidade de conhecer uma das fortalezas portuguesas mais importantes. A Fortaleza Baluarte, igualmente conhecida como Praça Forte, encontra-se perfeitamente conservada e pode ser visitada de uma ponta à outra, incluindo as coleções e o centro de interpretação que abriga. Vista de cima, é ainda mais monumental, assemelhando-se a uma estrela de 12 pontas.

Depois da fortaleza, reserve o bilhete de entrada no Museu Histórico-Militar. O edifício tem 20 salas subterrâneas que serviram de refúgio à população durante os bombardeamentos que ocorreram na Terceira Invasão. Agora, estas salas contam o que aconteceu há mais de 200 anos.

Mortágua: memórias de batalha

Já em Portugal, as forças francesas e anglo-lusas enfrentaram-se na batalha mais importante da Terceira Invasão Francesa: a Batalha do Bussaco. Mas, antes, cada uma teve de se preparar. Foi assim que estrategicamente se posicionaram em Mortágua, definindo os seus Postos de Comando. Como resultado, marcaram permanentemente as gentes da terra.

Em Mortágua restam histórias, algumas transformadas em lendas, de resistência e violência. A maioria continua a ser contada no Centro de Interpretação "Mortágua na Batalha do Bussaco". Com uniformes, armas e suportes infográficos, sonoros, visuais e interativos, este espaço compromete-se a divulgar e contextualizar um dos eventos mais marcantes da região. Em simultâneo, tenta honrar e respeitar as populações locais que foram totalmente dizimadas e, também, as que tiveram de abandonar tudo para sobreviver.

Ao deixarem os seus bens, terrenos e casas para trás, muitos habitantes de Mortágua envenenaram poços, assim garantindo que os franceses não se abasteceriam. Reza que a lenda que, à falta de água, o vinho foi usado como alternativa para cozer a carne. Deste ato de sobrevivência nasceu um prato típico da região: a Lampantana.

Mata Nacional do Bussaco: o conflito que (quase) decidiu tudo

De modo a empatar as forças francesas e ganhar tempo para se retirar para as Linhas de Torres, o Duque de Wellington reuniu exército inglês e português na Serra do Bussaco. E foi aí que, a 27 de setembro de 1810, se travou a Batalha do Bussaco. Entretanto, duas centenas de anos se passaram e o conflito ainda é recordado num dos maiores tesouros naturais do país: a Mata Nacional do Bussaco.

Criada no século XVII pelos monges da Ordem dos Carmelitas Descalços, é a atual casa de mais de mil espécies de plantas. É também a guardiã do Convento de Santa Cruz do Bussaco, onde Wellington passou a noite após a batalha, e do Museu Histórico e Militar do Bussaco, que todos os dias ensina os turistas sobre a Guerra Peninsular, no geral, e acerca desta batalha, em particular. Igualmente de caráter obrigatório é a visita ao ex-libris da mata: o Palace Hotel do Bussaco, um destino de férias romântico e tranquilo que se assemelha a um palácio dos contos de fadas.

Torres Vedras: a resistência final

Depois da vitória anglo-lusa na Batalha do Bussaco, as tropas francesas, ainda que fragilizadas, rumaram a Lisboa, com o objetivo de a conquistar. Mas os aliados já se tinham adiantado. De forma a preparar-se para uma eventual invasão da capital, ainda antes de os franceses terem entrado em Portugal pela terceira vez, Wellington construiu um sistema militar defensivo a norte da cidade que ficou conhecido por Linhas de Torres Vedras.

Graças a estas centenas de fortificações militares, o exército de Massena não só não conseguiu cumprir o seu intento, como se retirou do país. Algumas das mais importantes construções das Linhas de Torres estão em Torres Vedras. De destacar a Fortaleza da Acheira e o Reduto da Feiteira.

Mais relevante ainda foi o Forte de São Vicente, construído em 1809, um ano antes da invasão. Dentro desta grande construção está o Centro de Interpretação das Linhas de Torres Vedras, cuja missão é homenagear os heróis conhecidos e os anónimos que protagonizaram um dos capítulos mais duros do passado português e europeu.

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