Quantos "Marcelos" se escondem no Jardim Municipal de Oeiras?
Vamos a passear pelo Jardim Municipal de Oeiras e de repente o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa aparece a acenar de trás de uma árvore. O presidente? Aqui? Não, é só uma fotografia em tamanho natural. Há mais de vinte "marcelos" espalhados pelo jardim numa instalação que será, certamente, uma das mais comentadas do festival de arte e música Iminente, que hoje começa.
O evento é uma iniciativa da Câmara Municipal de Oeiras, com produção da UAU e curadoria do artista plástico Vhils em colaboração com a galeria Underdogs. "A ideia é fazer uma celebração da arte urbana da Grande Lisboa, convidando artistas de quadrantes muito diferentes, quer músicos, quer artistas plásticos, alguns aqui de Oeiras", explicou Vhils a um grupo de jornalistas, ontem à tarde, fazendo um breve intervalo no seu trabalho pois estava ainda a terminar uma intervenção numa das paredes, uma obra que vai ficar ali e poderá ser apreciada mesmo depois de terminado o festival.
Será a única a ficar? Paulo Vistas, o presidente da Câmara de Oeiras, responde com um sorriso enigmático mas deixa no ar a hipótese de adquirir algumas das obras. Como uma outra peça de Vhils, uma escultura em cimento que pesa 2,5 toneladas. "Foi tão difícil colocá-la aqui, se calhar é melhor deixá-la ficar", comenta. O mesmo se pode dizer da antiga carruagem do metro que foi instalada no meio do jardim. Uma ideia de Vhils, que convidou dois artistas veteranos, Exas e Slap, para, com o seu estilo old school, deixarem a sua marca na carruagem. "Esta foi também uma oportunidade para alguns artistas que só faziam murais de tridimensionalizar o seu trabalho", explica o curador. E que só foi possível com o investimento da autarquia: 125 mil euros para pôr de pé o evento.
Tal como a ideia das fotografias de Marcelo Rebelo de Sousa, que é da autoria de Vhils em conjunto com a dupla Mais Menos e os Pedrita, muitas das obras apresentadas neste festival nasceram da colaboração entre os vários artistas e da relação de cada um deles com o espaço. Bordallo II colocou dois flamingos enormes, cor-de-rosa, feitos de material reciclado, no meio da ribeira. Maria Imaginário deu vida a um insuflável (que poderá ser usado, com algumas regras, pelos festivaleiros). David Oliveira instalou os seus fabulosos animais de tule e arame (animais em vias de extinção, como um atum de barbatana azul, um cisne branco, uma raposa ou uma coruja das torres) no meio da floresta fantasmagórica da estufa. Wasted Rita vai estar na antiga gaiola a ler a ler a sina. Clemens Behr ocupa a piscina. Mar usou velhos troncos para criar a sua instalação surrealista. E há mais, basta passear pelo jardim com atenção e procurar. Até as barracas e carrinhas da comida terão alguma intervenção artística.
Depois há a música. Pelo palco, pequeno e baixo para que, como explica Paulo Dias, da UAU, haja bastante proximidade com o público, vão passar músicos como Paus, Linda Martina, Batida, Chullage, Orelha Negra, Ana Moura, Dead Combo, Sam the Kid e muitos outros. Pretende-se que o ambiente seja descontraído e que artistas plásticos e músicos, se juntem aos DJ a pôr música na pista de dança - que vai funcionar na pista de carrinhos de choque. "Inspirámo-nos muito na ideia de feira", explica Vhils.
O jardim tem capacidade para cinco mil pessoas e os bilhetes estão praticamente esgotados. Para o ano - é quase certo, apesar de ainda não haver nada formalizado - haverá mais Iminente.
Festival iminente
Música e arte urbana no Jardim Municipal de Oeiras
De hoje a domingo, das 16.00 às 2.00
Bilhetes: 2euro