Quando Peter Gabriel resolveu fazer um disco pop

25 anos depois da sua edição original, o álbum 'So', o mais bem sucedido da discografia do músico, regressa em nova versão com extras.
Publicado a
Atualizado a

Artista: Peter Gabriel

Título: So

Editora: Virgin / EMI Music

Classificação: 4 / 5

É um dos nomes mais célebres da elite pop/rock britânica, mas se recordarmos o que tem sido a sua carreira discográfica a solo notaremos que foram mais as ocasiões em que Peter Gabriel caminhou entre espaços de culto que sob os olhares atentos da aclamação mainstream. Deixou os Genesis (dos quais era vocalista) em meados dos anos 70 e, ocasionalmente, algumas das canções que gravou a solo chamaram a atenção do grande público, como podemos lembrar casos como os de Solsbury Hill, Shock The Monkey ou Games Without Frontiers.Mas na hora de idealizar cada um dos seus álbuns nunca abandonou uma noção de desafio, aos poucos tendo construído um caminho bem pessoal avesso às leis da moda e das tendências do momento.

Contudo, chegado a 1987, resolveu agir de forma diferente. E mesmo sem que o novo disco que então nos apresentava traduzisse uma estratégia de "cedência" ao gosto popular, a verdade é que, ao aceitar jogar com outra frontalidade o jogo da canção pop, acabou por criar um disco que cativou milhões, daí resultando aquele que ainda hoje é o maior êxito da sua carreira. Chamou para a produção Daniel Lanois (que tinha já trabalhado consigo na banda sonora de Birdy e entretanto ganhara reconhecimento global como co-produtor dos U2) e apresentou e So um álbum de canções pop de formas clássicas e acessíveis, mas plenas de marcas de personalidade. O som do álbum antecipou novas demandas geográficas em território world music, que brevemente faria através da sua editora Real World, através da presença de figuras como Youssou N"Dour ou Manu Katché. Entre os nomes convidados a colaborar surgem ainda figuras como Stewart Copeland, Laurie Anderson, Nile Rodgers ou Kate Bush (com esta última Peter Gabriel protagonizando o dueto Don't Give Up, um verdadeiro hino à resistência).

O álbum, que representou o seu maior êxito de sempre, chamou desde logo atenções ao som de Sledgehammer, uma canção que transpirava ecos da memória de um Otis Redding que surgiu como cartão de visita, acompanhado por um teledisco de animação criado pelos estúdios Aardman que se afirmou como um marco da história do vídeo musical. O alinhamento junta ainda outras canções maiores, de um Big Time (na linha de Sledgehammer) a Red Rain (mais próxima de trabalhos anteriores) ou Mercy Street (entre cujas texturas se adivinham os desejos de explorar músicas de outras geografias). 25 anos depois, So regressa aos escaparates das novas edições numa edição que junta ao alinhamento do álbum dois disco extras com um concerto em Atenas (Grécia) durante a digressão que então o músico levou a palcos de todo o mundo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt