Qarabag-Sporting. Viagem é longa, mas "importante é o clima, a hora e aquecer os motores"
O Sporting joga esta quinta-feira na longínqua cidade de Baku, no Azerbaijão, frente ao Qarabag. Em caso de vitória (o empate até pode chegar se o Poltava não ganhar ao Arsenal), os leões asseguram desde já a passagem à próxima fase da Liga Europa, onde já está o atual líder do grupo dos leões, o Arsenal.
A deslocação é longa - ida e volta são quase 10 mil quilómetros -, mas mesmo assim não bate o recorde da maior viagem em competições de futebol da UEFA, que pertence precisamente a duas equipas de Lisboa, Sporting e Benfica, quando se deslocaram até Astana, capital do Cazaquistão.
A 25 de novembro de 2015, num jogo a contar para a fase de grupo da Liga dos Campeões, o Benfica empatou 2-2 com o Astana, num encontro em que até esteve a perder por 2-0. Raúl Jiménez, agora em Inglaterra, trouxe um ponto para Lisboa ao fazer dois golos, num jogo que ficou também marcado pela estreia de Renato Sanches no onze inicial encarnado.
O Sporting teve sorte diferente em 2018, quando a 15 de fevereiro venceu por 3-1, na 1.ª da primeira eliminatória pós-fase de grupos da Liga Europa. Um 3-3 em casa confirmou o apuramento da equipa leonina. Nas duas ocasiões, as equipas lisboetas viajaram cerca 12350 quilómetros no total, segundo dados da UEFA.
E em que moldes pode uma viagem como a que o Sporting vai fazer até Baku interferir no rendimento nos jogadores? Para Hugo Almeida, internacional português que representa agora a Académica de Coimbra, o mais importante é mesmo "o fuso horário e o clima". Recorde-se que os leões, ao contrário de outras deslocações, viajaram na terça-feira, dois dias antes da partida.
Habituado a marcar golos na capital azeri, fê-lo em 2007 e 2013 ao serviço da seleção nacional, o jogador de 34 anos diz que equipas como o Sporting viajam em "bons aviões", com "assentos que são como camas". Admite que uma viagem longa é obviamente cansativa, mas que "não é por aí que uma equipa rende mais ou menos", desde que descanse em condições.
"O importante antes do jogo é mesmo fuso horário. É o mais difícil para estas viagens. E depois o clima, se está mais frio ou não. São as coisas que os jogadores têm de saber", revela. Hugo Almeida assegura ainda que nunca se viu em dificuldades num jogo devido a uma viagem e não teve "nenhum colega a quem isso acontecesse".
Reiterando que relativamente à viagem "tudo se resolve e o mais importante é mesmo a hora e o clima", Hugo Almeida é da opinião que "dá para lidar muito bem" com as quatro horas de diferença entre Lisboa e Baku (onde o jogo começa às 21:55 de quinta-feira). Sobre os 8 graus que se preveem à hora do jogo, responde de forma simples: "Não é mau".
Hugo Almeida assume que por vezes as condições de voo podem não ser favoráveis e que a viagem pode trazer problemas como a "desidratação". Destaca também que uma viagem entre Portugal e o Azerbaijão "não é o mesmo que ir jogar a Itália ou Alemanha, mas que equipas como Sporting, que são das melhores da Europa, estão mais do que preparadas".
Assim, ao chegar ao local do jogo, "existe um treino de descompressão para suar, para os motores aquecerem e esticar as pernas". "É muito importante que não seja logo uma grande carga física, para os músculos não se ressentirem da viagem", diz.
Tendo em conta todas as competições da UEFA, as maiores deslocações feitas foram no futsal e envolvem sempre... o Sporting. Em 2017, a equipa de futsal dos leões foi disputar a final four da UEFA Futsal Cup a Almaty (terra do Kairat), no Cazaquistão. No conjunto das duas viagens, foram cerca de 13,8 mil quilómetros. Nessa competição, os leões acabariam por perder na final com o Inter Movistar de Ricardinho, por 7-0.
A mesma distância foi pecorrida pelo Kairat Almaty, em 2015, quando veio a Lisboa vencer a UEFA Futsal Cup. O Sporting, que se apurou também para a final four desse ano, foi o anfitrião dos dois últimos dias da maior competição de clubes de futsal da Europa. Nessa edição, o Sporting acabou no 4.º lugar.
O recorde de distância viajada em provas da UEFA chegou a ser do Santa Clara, quando em 2002 a equipa viajou até Gyumri, na Arménia, na já extinta Taça Intertoto, para jogar com o Shirak. No total, foram cerca de 11650 quilómetros. Este recorde foi apenas batido pelo Kairat Almaty (aqui em futebol), 13 anos depois, na época 2015/2016. A equipa do Cazaquistão fez aproximadamente 11890 quilómetros para ir jogar a Bordéus, França, e regressar a casa.