Publicada em França correspondência inédita entre Albert Camus e Maria Casarès

A correspondência inédita entre o escritor francês Albert Camus e a atriz espanhola Maria Casarès, que se tornaram amantes em 1944 e se corresponderam até à morte do escritor, acaba de ser publicada em França pela Gallimard.
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"Correspondência (1944-1959)" é uma edição de Beatrice Vaillant com prefácio de Catherine Camus, filha do escritor, publicada este mês na coleção Blanche, anunciou a editora.

A 19 de março de 1944, Albert Camus e Maria Casarès cruzaram-se em casa do escritor Michel Leiris.

A antiga aluna do conservatório, natural da Corunha, e filha de um republicano espanhol no exílio, tinha 21 de idade, enquanto Camus tinha 30.

Maria Casarès tinha começado a sua carreira em 1942 no Théâtre des Mathurins, quando Albert Camus publicava "O Estrangeiro", também pela editora Gallimard.

O escritor, nascido na Argélia, residia então sozinho em Paris - a guerra mantinha-o afastado da mulher, Francine, professora na cidade argelina de Orão.

Sensível ao talento da atriz, Albert Camus confia-lhe o papel de Martha para a peça "O Malentendido", em junho de 1944. E na noite do dia D (Desembarque na Normandia), Albert Camus e Maria Casares tornam-se amantes.

Este foi apenas o prelúdio de um grande caso de amor. Até à morte acidental do escritor, em janeiro de 1960, Albert e Maria nunca deixam de se corresponder, sobretudo durante as longas semanas de separação devido aos seus compromissos artísticos e intelectuais, as saídas para fora ou as obrigações familiares.

No contexto das suas vidas públicas e atividade criativa -livros e conferências, para o escritor, a comédia francesa, as digressões e o Teatro Nacional Popular, para a atriz -, a correspondência cruzada dos dois revela quão intenso foi o seu relacionamento íntimo, experimentando, tanto na falta e na ausência como no consentimento mútuo, o ardor do desejo, o gozo dos dias partilhados, os trabalhos em comum e a busca do amor e da sua satisfação.

A publicação desta correspondência, com 1.312 páginas, é uma pedra angular da constante preocupação de Camus na relação entre o pensamento e a experiência do amor, indica a editora Gallimard.

"Quando amamos alguém, amamos sempre. Uma vez que não estivemos sozinhos, nunca mais estaremos sozinhos", disse Maria Casarès muito depois da morte de Albert Camus.

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