PSP quer polícias com câmaras de vídeo

No último ano foram mudadas todas as equipas de intervenção na Amadora. Caso de Alfragide fragilizou a confiança na polícia
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A divisão da PSP da Amadora pode ser a primeira no país a utilizar body-cams nos patrulhamentos de rua, principalmente nas designadas zonas urbanas sensíveis, onde estão bairros como a Cova da Moura, Estrela d"África e 6 de maio. Tratam-se de micro-câmaras de vídeo que são presas na farda dos agentes e já são utilizadas em países como os EUA ou a Inglaterra. O DN confirmou junto a fonte da Direção Nacional da PSP que o pedido para este projeto-piloto já foi feito ao ministério da Administração Interna e está a aguardar decisão. "Para nós estas câmaras são fundamentais para fazer prova, tanto de uma má atuação do polícia, como dos cidadãos e têm um inegável efeito dissuasor para tentativas de manipulação dos factos", explica esta fonte.

O novo comandante da Amadora, Jorge Resende, que tomou posse já depois da acusação aos agentes de Alfragide ter sido conhecida, tem insistido, não só para a aquisição das body-cams, mas também para alargar a videovigilância a outras zonas do concelho, incluindo a instalação de câmaras na zonas de detenção das esquadras junto aos bairros. Resende, que preside ao Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia, garantiu que nenhum dos polícias acusados ficava naquele comando e escolheu pessoalmente todas as novas equipas de intervenção rápida, que são aquelas que vão para o terreno mais frequentemente. "Os novos chefes das EIR têm um perfil de confiança, rigoroso, exigente e são intransigentes, como todos nós, com a violência policial e com a violência contra os polícias", sublinhou ao DN. Este oficial assinala que "têm havido reuniões regulares com o MP da Amadora, para coordenar e analisar as intervenções policiais. Já convidámos os procuradores para nos acompanharem também no terreno".

Para já o policiamento de proximidade, tal como existia antes das agressões contra os seis jovens, está suspenso. Principalmente porque dois deles pertenciam à associação Moinho da Juventude que era o principal parceiro da polícia neste programa. "Temos sentido, de facto, de há uns meses para cá, uma abordagem da polícia menos agressiva", confirma a coordenadora do Moinho, Isabel Monteiro. "Mas policiamento de proximidade ou uma aproximação de confiança, como havia antes, não nos parece que seja ainda possível. Pelo menos até ver qual o desfecho do julgamento", acrescenta.

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