PSP impede taxistas de avançar em bloco na Ponte 25 de Abril
A PSP impediu os taxistas que vêm do Sul do país de atravessar a Ponte 25 de Abril em conjunto, evitando assim qualquer tentativa de bloqueio à circulação. Esta decisão foi comunicada na última reunião entre as duas partes tendo os participantes na manifestação de protesto contra a legalização das plataformas de transporte Uber e Cabify ficado a saber que vão ser separados por grupos em Almada e que só assim poderão circular na ligação entre as duas margens do Tejo.
A ANTRAL e a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) - que esperam ter seis mil profissionais a desfilar por Lisboa - já protestaram, acusando a polícia de querer "partir a manifestação". Mas fonte da PSP disse ao DN que a polícia apenas está a tentar "equilibrar" o "direito ao protesto" com o "direito de circulação" e porque a ponte é considerada como uma "estrutura sensível" em matéria de segurança.
Em Lisboa, a Carris e o Metro disseram ao DN não se responsabilizarem por uma resposta eficaz a um aumento de procura, nomeadamente no caso dos autocarros devido aos constrangimentos na circulação.
A manifestação de hoje será, sobretudo, acompanhada por centenas de elementos Divisão de Trânsito - a PSP não revela quantos policias em concreto -, que acompanharão os taxistas no percurso previamente estabelecido (ver infografia). "Será um trabalho de acompanhamento e orientação do trânsito", adiantou, ontem, fonte do comando de Lisboa, admitindo que a operação poderá "ser complicada", tendo em conta os seis mil táxis esperados a circular pelas ruas de Lisboa. Os organizadores do protesto pretendiam ainda desfilar pela Rua do Arsenal. Porém, esta encontra-se encerrada ao trânsito devido a obras.
Também os taxistas que rumarem a Lisboa vindos do Norte serão desviados para Loures à entrada da capital, de forma a não provocarem constrangimentos no trânsito. A polícia garante que uns e outros serão guiados até junto dos colegas que estarão a manifestar-se.
O protesto terminará junto ao Parlamento. Os taxistas pretendiam deslocar-se de carro até às imediações da Assembleia da República, porém tal não foi permitido. Terão de estacionar na Avenida 24 de junho e subir a pé a Rua D. Carlos I: "Há também uma manifestação que está já programada e comunicada do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local e que estará concentrada também a partir das 10.00 na Assembleia da República", referiu ao DN o comissário Sérgio Soares, do Comando Metropolitano de Lisboa.
Da parte do governo, o protesto não merecerá nenhum acompanhamento "especial". Fonte do gabinete da ministra da Administração Interna disse ao DN que Constança Urbano de Sousa mantém a agenda: uma conferência de manhã e, à tarde, reuniões no ministério para ultimar o Orçamento de Estado. Já a PSP acompanhará a situação na "sala de situação" na direção nacional. O Corpo de Intervenção estará de prevenção e "se for necessário, será ativado".
Carris não garante bom serviço
Com seis mil carros pelas ruas de Lisboa, mais a obras na cidade, as alternativas ao carro são os transportes públicos disponíveis: autocarro e Metro. Quanto aos primeiros, a Carris, em resposta ao DN, não garante uma resposta eficaz, porque, justificou, "são espectáveis significativas perturbações de tráfego por toda a cidade, que condicionarão a circulação da grande maioria das carreiras". O Metro promete fazer uma "gestão atenta e dinâmica dos recursos, procurando fazer face aos momentos e locais onde se possa vir a verificar maior procura".
Em Portugal circulam diariamente cerca de 13 mil táxis, dos quais 4500 na Área Metropolitana de Lisboa, segundo dados dos representantes do setor. Aproveitando esta manifestação, ontem a Uber enviou aos seus clientes conselhos para ajudar à mobilidade em Lisboa, avisando-os também de que, dado o expectável aumento de pedidos ao seu serviço, poderá não corresponder a todos.