PSI 20 perdeu 44,7 mil milhões desde 2007

A Bolsa de Lisboa perdeu metade do seu valor desde 2007. E neste ano, entre janeiro e março, o PSI 20 já desvalorizou mais 5,5%
Publicado a
Atualizado a

O PSI 20, índice que reúne as maiores empresas cotadas na Bolsa de Lisboa, perdeu metade do seu peso desde julho de 2007, quando valia 92,7 mil milhões de euros. Em menos de uma década, a bolsa recuou para uma capitalização bolsista total de 48,78 mil milhões.

A desvalorização "abrupta" do PSI 20 desde 2007 fica a dever-se "a uma conjugação adversa de fatores", aponta Steven Santos, gestor do BiG. Desde logo, "a crise financeira, a nível mundial"; depois, "os problemas específicos de cotadas nacionais, como BES, a Espírito Santo Financial Group (ESFG) e a PT", bem como "a saída de bolsa de pesos-pesados como a Brisa e a Cimpor", depois das ofertas públicas de aquisição, em 2012.

[artigo:5121641]

O maior impacto da crise financeira, acrescenta o gestor da XTB Eduardo Silva, foi sobre a banca. "Falências, gestão danosa, imparidades, aumento da regulamentação no setor, cenário de taxas de juro baixas a ter impacto nas margens, menos crédito concedido" são só exemplos das consequências para os bancos, enumera o gestor. Por outro lado, "a austeridade imposta continua a castigar depois de anos de governação menos rigorosa e os juros da dívida não deixam margem para o investimento público necessário para gerar crescimento".

A julgar pelo primeiro trimestre, este ano não será de recuperação. Nos três primeiros meses do ano, o PSI 20 acumulou uma desvalorização de 5,5% e, nos primeiros dias de abril, continua a cair.

Enquanto isso, o Euro Stoxx 600, índice que reúne as 600 maiores empresas europeias, afundou 7,7% no primeiro trimestre deste ano, a ser penalizado pela desvalorização dos preços das matérias-primas e pelo setor financeiro. A banca europeia está a braços com a multiplicação do crédito malparado à conta das dificuldades de liquidez das empresas petrolíferas, do arrefecimento da economia chinesa e de várias economias emergentes.

O impacto para a economia real é negativo. "A depreciação acentuada do índice nacional traduziu-se na perda de riqueza para famílias e empresas e refletiu-se na deslocalização de centros de decisão nacional e de polos de inovação", refere Steven Santos. Eduardo Silva salienta, por seu lado, que "a procura interna e o aumento das exportações não tem sido refletida na cotação das empresas". Apesar de o PSI 20 estar a negociar com desconto, "os investidores continuam céticos com as estratégias de criação de valor", sublinha o analista.

Nos próximos tempos, poderá haver alguma recuperação. Em Itália, o governo está a estudar a criação de um fundo estatal de três mil milhões de euros para aumentar a liquidez dos bancos italianos, que detêm um terço do crédito malparado na zona euro. Na prática, compra o crédito malparado da banca, uma hipótese já referida por António Costa.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt