PSD isola CDS no caso dos submarinos
Apesar de os factos em investigação no Ministério Público estarem relacionados com o período do governo de coligação PSD/CDS-PP, o então primeiro-ministro, Durão Barroso, e Martins da Cruz, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, vieram já a público garantir que não tiveram qualquer envolvimento nas negociações. Sozinho em sua própria defesa fica, por ora, o partido de Paulo Portas.
Durão Barroso garantiu que, enquanto primeiro-ministro, nunca teve "qualquer intervenção directa ou pessoal", além da participação na decisão tomada colectivamente em Conselho de Ministros. Por sua vez, Martins da Cruz declarou, ontem à Rádio Renascença, que também "nunca" esteve "envolvido nesse contrato" de compra de equipamento de defesa de submarinos. Aliás, o Ministério dos Negócios Estrangeiros não tem nada que ver com isso". Martins da Cruz manifestou ainda o desejo de que as investigações corram rapidamente, "que é para estas coisas não ficarem numa suspeita colectiva".
Sobretudo as declarações de Durão Barroso mereceram comentários nas hostes socialistas, sobretudo da ala à esquerda. Paulo Pedroso, no seu blogue, ironizou: "Acho espectacular que um Primeiro-Ministro não tenha intervenção directa num negócio com os submarinos, fico com curiosidade de saber que intervenção indirecta terá tido".
Já Pedro Adão e Silva, faz um paralelismo entre o caso dos submarinos e o negócio da compra da TVI pela PT: "Durão Barroso dizer que não teve intervenção directa no negócio dos submarinos é a mesma coisa que Sócrates dizer que não sabia do negócio PT/TVI, mas a uma escala radicalmente diferente. No primeiro caso, era um negócio do Estado; no segundo, entre privados, sendo que o Estado detinha apenas uma golden share na empresa compradora".
Anteontem, Paulo Portas também falou, uma vez mais, da compra dos submarinos. Dizendo que a escolha do consórcio alemão como fornecedor dos submarinos teve por base, entre outros critérios, o preço e os pareceres técnicos "absolutamente inequívocos" da Marinha . Paulo Portas confessou, ainda, que perante a actual conjuntura económica, e se fosse ministro da Defesa, adiaria a compra dos submarinos.