PS: Eurodeputado acusa "gente na direita" de "agir na sombra contra interesses de Portugal"
O deputado socialista no Parlamento Europeu, Pedro Silva Pereira, acusou "gente na direita" de "agir na sombra" contra os interesses de Portugal na Europa. A frase foi proferida esta sexta-feira à tarde numa intervenção durante as jornadas parlamentares do PS, em Vila Real, depois de Silva Pereira ter dados exemplos que, no seu entendimento, mostram a "luta difícil e desleal" que Lisboa trava na Europa.
"Temos de reconhecer", disse o eurodeputado socialista, que "há muita gente na direita portuguesa a agir na sombra contra os interesses de Portugal, dos portugueses e da economia nacional. Talvez não haja caso mais evidente do que se passa em torno da notação da dívida portuguesa", apontou. Para logo acrescentar que a DBRS, a única agência de notação que tem dito que o rating da dívida da República está estável, tem recebido uma "chuva de telefonemas (...) perguntando-lhe quando vão baixar o rating de Portugal".
Momentos antes, na sua intervenção, Pedro Silva Pereira contou uma história dos corredores de Bruxelas, sobre a negociação do regulamento do fundo do Plano Juncker. "O grupo socialista empenhou-se" que fosse integrada no texto a "preocupação" de "apoiar as economias mais atingidas pela crise e promoverem a coesão territorial". Mas o representante dos socialistas e sociais-democratas europeus (grupo em que está incluído o PS), um alemão do SPD, deu uma resposta "extraordinária" aos socialistas portugueses.
"Eu bem estou a tentar", respondeu o alemão, segundo o relato de Silva Pereira. "Estive ontem horas a negociar que o fundo de investimento Juncker deve apoiar as economias mais atingidas pela crise, mas há lá um deputado português do PSD, parece que dá pelo nome de José Manuel Fernandes, que é contra, é contra" - "e foi contra até ao fim", rematou o antigo ministro socialista.
Segundo Silva Pereira, a justificação do eurodeputado do PSD é "que não era preciso, que os fundos comunitários, os fundos de coesão já existem, esses sim é que são para promover a coesão", e que "estes [fundos] do Plano Juncker não servem para isso, são apenas para procurar os melhores projetos, os projetos mais competitivos, mais capazes de atrair investimento privado". Para o deputado do PS no Parlamento Europeu a conclusão é uma: "Está bem de ver que os projetos mais atrativos para o investimento privado" são provavelmente "aqueles que serão aplicados nas principais economias da Europa" e não nos países europeus periféricos.
Para melhor completar a sua ilustração, Silva Pereira recuperou ainda a entrevista ao Dinheiro Vivo/DN do comissário para o Investimento e o Emprego, o antigo primeiro-ministro finlandês Jyrki Katainen, em março de 2015, que questionado sobre as empresas a apoiar pelo Plano Juncker, respondeu: "O único critério que temos é que os negócios têm de ser viáveis e têm de crescer. Para nós é indiferente onde vão crescer."