Rui Rio diz que "bazuca" de Costa é afinal uma "metralhadora"
Rui Rio, presidente do PSD, utilizou a ironia para dizer que, apesar de António Costa chamar bazuca ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), na verdade trata-se de uma metralhadora, já que o primeiro-ministro "dispara de rajada", em vez de com tiros certeiros.
No primeiro almoço comício da campanha, na Maia, Rio avisou a plateia (cerca de 200 pessoas) que nem todos perceberiam os termos técnicos que iria utilizar.
"O que é uma bazuca? Uma bazuca dispara tiro a tiro e o dr. António Costa dispara de rajada, não é uma bazuca, é uma metralhadora", apontou, em tom bem-disposto, entre risos e aplausos dos apoiantes. Mas, continuou, nem sequer se trata de uma metralhadora G3, mas de uma HK21.
"Eu aprendi na tropa e disparei com a HK21, é que a HK21 tem uma fita, e aquilo carrega-se, tem dois pés à frente, e aquilo dispara que nunca mais para, tatatatatatata", disse, simulando o som dos tiros. "Estou a ver que pouca gente fez a tropa e não está familiarizada com estes termos", acrescentou.
Além do mais, considerou, estes 'disparos' do primeiro-ministro nem sempre são certeiros, estranhando que António Costa tenha passado pela Maia e nem sequer tenha falado da ligação do metro.
"Mete-se no carro, dá umas rajadas, volta para o carro, e sai noutro concelho e dá mais rajadas (...) Tem prometido, mas sem critério nenhum, deve ser um papelinho que lhe põem à frente", considerou.
Rio disse confiar que, quer na Maia, quer no resto do país "os portugueses vão perceber que isto não é forma de fazer campanha", chamando a António Costa "o primeiro-ministro da metralhadora HK21".
O presidente do PSD voltou a criticar o que considera ser "o facilitismo" do Governo na fiscalização dos apoios sociais, defendendo que devem ser dados a quem precisa e "não para tirar às pessoas a vontade de trabalhar".
Ao sétimo dia de campanha, realizou-se o primeiro almoço comício na caravana do PSD, com perto de duzentas pessoas sentadas em mesas redondas num espaço interior. Pelo menos à comunicação social, não foi solicitada apresentação de certificado digital relativo à covid-19.
De acordo com as regras disponíveis no portal do Governo Estamos on, a apresentação do certificado ou teste é exigível para acesso a eventos com mais de mil pessoas no exterior e 500 no interior e aplica-se à assistência a casamentos e batizados com mais de dez pessoas.
Até agora, as iniciativas de campanha do presidente do PSD têm sido sobretudo contactos de rua com a população - em que toda a comitiva usa máscara, mesmo ao ar livre - e mesmo as curtas intervenções que Rio faz a partir do carro palco do partido têm sido no exterior.
Antes de Rui Rio, o presidente da Câmara da Maia e recandidato à Maia, Silva Tiago, centrou também a sua intervenção no PRR, avisando que "só os mais bem preparados e melhores projetos serão contemplados".
"Este não é tempo de aventureirismos ou de aprendizes de feiticeiros, nem é o tempo de a Maia ser governada a partir do Terreiro do Paço", avisou.
Antes, o presidente do PSD tinha reiterado que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é insuficiente no apoio às empresas, mas considerou que, "se fosse verdade" o que diz o primeiro-ministro, "não servia para nada".
"Temos o primeiro-ministro todos os dias a oferecer mais uma estrada, mais um hospital, mais uma ponte. Se fosse verdade o que o primeiro-ministro diz, o PRR seria a pior coisa do mundo, não servia para nada, era para gastar o dinheiro todo de qualquer maneira", afirmou Rui Rio, no final de uma reunião com a Associação Empresarial do Baixo Ave, na Trofa.
"Não é tão mau assim, mas é muito insuficiente no apoio às empresas", insistiu.
O presidente do PSD defendeu que, para "relançar a economia e criar mais e melhor emprego", é necessário "apoiar o tecido empresarial e a sua reindustrialização".
"Se damos prioridade em larga medida às obras públicas... Não digo que não são úteis, mas temos de fazer escolhas, e a escolha tem de ser o futuro, não pode ser o presente", afirmou.
Rio admitiu que construir uma estrada ou uma ponte "dá mais votos", mas questionou "de que serve comparada com o futuro".
Das preocupações transmitidas pelos empresários, Rio voltou a destacar a dificuldade em conseguir mão de obra - por vezes "por as pessoas estarem acomodadas aos apoios sociais" -, a carga fiscal sobre o trabalho e "a inoperância da AICEP".
Questionado pelos jornalistas sobre a entrevista à Rádio Renascença, hoje divulgada, na qual afirmou que não se recandidata à liderança do PSD se o resultado nas autárquicas for "igual, pior ou pouquinho melhor" que o de 2017, Rio escusou-se a comentar as suas próprias palavras.
Já sobre as críticas do primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, à Galp, o líder do PSD salientou que estará em Matosinhos ao final da tarde, remetendo qualquer comentário para essa altura.No domingo, Costa considerou que "era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade" como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma "lição exemplar" à empresa.