Próximo objetivo: aumentar o número de jogadoras mais jovens
A paixão de Mónica Jorge pelo futebol começou pela mão do pai, que a levava todos os fins de semana a ver os jogos da Académica de Coimbra, e cresceu na rua, a jogar com os primos e os amigos. "Jogava na rua porque não tinha equipa perto de casa onde pudesse jogar", lembra. Não podendo jogar futebol, andou pelo futsal, pelo râguebi e até pela halterofilia. Mas sempre com um olho nos campos relvados. No curso de desporto, especializou-se em futebol e, no final, estagiou na Federação Portuguesa de Futebol. "Vinha por uns meses mas fui ficando." Está, desde então, ligada ao futebol feminino, tendo sido treinadora adjunta e selecionadora. Há cinco anos, Fernando Gomes convidou-a a integrar a lista que concorreu a direção da FPF. "Foi o primeiro a convidar uma mulher para a direção da federação e eu achei isso muito importante. Sabia que era um risco, se não ganhássemos eu perderia o meu lugar como selecionadora, mas a vida é feita de riscos. E correu bem."
Desde então, Mónica Jorge é a principal responsável pelo futebol feminino na FPF. "Esta foi uma aposta desta direção e já está a dar os seus frutos. A questão da Liga era importante, por causa do mediatismo, queríamos que se falasse mais de futebol feminino, nas televisões, nos jornais, e para isso era importante ter os clubes grandes", explica Mónica Jorge. Criada esta época, a Liga Alianz tem 14 equipas em competição: as oito que se mantiveram no Campeonato Nacional desde a época passada, mais duas que subiram por direito próprio do Campeonato de Promoção (II Divisão), a que se juntaram quatro equipas convidadas. A Federação desafiou as equipas da Primeira Liga masculina a participar, garantindo-lhes entrada direta na Liga Alianz e a este repto responderam o Sporting e o Sporting de Braga (criando equipas de raiz), o Estoril e o Belenenses (que já tinham equipa feminina mas estava na II Divisão). O processo não foi isento de críticas mas parece ter resultado.
A presença de dois grandes foi determinante para dar visibilidade à Liga, a que se juntou, obviamente, o sucesso da seleção nacional que conseguiu apurar-se para o Campeonato da Europa. 2016 foi o ano em que, finalmente, o futebol feminino chegou às capas dos jornais e aos telejornais. "Tudo isto está a acontecer de forma sustentada, não foi um salto repentino", diz a dirigente. Como uma pescadinha de rabo na boca: é necessário haver mais jogadoras na formação para garantir a qualidade das equipas seniores e o sucesso nos escalões adultos incentiva as mais novas a entrarem na modalidade.
De 2012 para cá o número de praticantes quase que duplicou e neste momento são 3103 as jogadoras federadas. Mas a diretora sonha ainda mais alto: "Queremos aumentar mais esse número, sobretudo nas camadas mais jovens. Há dois anos críamos o campeonato nacional de juniores, que não existia. Estamos a criar encontros distritais, a que chamamos a Festa do Futebol, para sub-15 e sub-12, juntamente com o desporto escolar. E estamos já a fabricar a Taça Nacional de sub-15. Temos de nos focar no aumento do número de praticantes e nas competições para as jovens de 14, 15 anos. Precisam de competição se não desistem. A taxa de desistência nestas idades é muito grande."