Provar crocodilo com batatas fritas

Sempre prontos a descobrir novos mundos, os portugueses são verdadeiros amantes de culinária internacional. Mas se a comida chinesa já se tornou banal, o mesmo não acontece com pratos à base de cobra, canguru ou zebra.
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A primeira reação é uma careta de nojo. Depois da repulsa vêm os pruridos de consciência. Afinal, as cobras, os crocodilos, as zebras, os cangurus pertencem à categoria de bonecos de peluche e desenhos animados da infância. Portanto não se comem.

Mas se para muitos o máximo de extravagância gastronómica que aguentam é um shop soi de gambas, há cada vez mais gente disposta a aventurar-se por territórios culinários periféricos e os restaurantes de comidas exóticas são um caso de sucesso em Portugal.

Agora que já não vamos de caravela à Índia, à China ou ao Japão, vamos de carro aos restaurantes indianos, fazemos um almoço rápido no chinês da esquina ou jantamos sushi e sashimi numa rua cosmopolita. Em Lisboa estes sabores orientais podem saborear-se no Palácio do Oriente (Parque das Nações), no Tentações de Goa ( fica na Rua São Pedro Mártir, 23, e apresenta uma cozinha de fusão luso-goesa), no Café Malaca (Cais do Sodré), no restaurante do Museu do Oriente, onde se serve comida indonésia. No Porto, o Gosho (Avenida da Boavista, 1277) é um verdadeiro império dos sentidos, onde a beleza do espaço rivaliza com o requinte da culinária japonesa.

Mas a verdadeira aventura gastronómica está em lugares como o restaurante As Colunas, (na Rua Elias Garcia, entre a Amadora e as Portas de Benfica) ou no Vinte9, em Vila Nova de Mil Fontes: grelhados de canguru e camelo (acompanhados de batatas fritas e feijão verde), costeletas de crocodilo, zebra e cobra.Na sua maioria estas carnes são importadas da África e da Oceânia, daí que estas comezainas não sejam propriamente baratas (uma dose ronda os 20 euros).

Continuando em busca de paladares longínquos, encontramos a Rússia em plena Calçada da Tapada, em Lisboa, um local de culto para admiradores e detratores de Marx e Lenine. E o café Buenos Aires (Lisboa), com aromas argentinos e tango.

Para quem gosta de sabores mais familiares há os restaurantes de comida mediterrânea. No Porto o grego Hellenikon ( Rua de São Dinis, 205 ) tem uma ementa enriquecida com queijos, ervas aromáticas e especiarias. Essas evocações do nosso passado remoto encontram--se também nos Fenícios (na Conde Redondo, Lisboa), um pequeno restaurante de comida libanesa, onde o pão substitui os talheres e se comem folhas de videira, grãos e amêndoas. Na mesma linha há as especialidades marroquinas servidas no Ali-a-Papa (Rua da Atalaia, no Bairro Alto).

Com todas estas propostas de cosmopolitismo gastronómico, este verão é mesmo para esquecer que a sardinha assada é o alter ego dos portugueses.

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