Protestos no aeroporto de Hong Kong deixam em terra tuna do Porto
Esta tarde, pelo segundo dia consecutivo, não descolou do aeroporto de Hong Kong nenhum dos voos previstos devido aos confrontos entre manifestantes e a polícia, há quatro dias a ocupar os terminais do aeroporto internacional. Entre os passageiros, está a tuna de Medicina da Universidade do Porto, que continua no local à espera de conseguir viajar para Tóquio. Embora a atividade nas pistas já tenha começado a ser restabelecida, o grupo português ainda não tem uma estimativa de quando conseguirá sair do país.
Os 15 estudantes da tuna, que partiram do Porto no dia 7 de agosto, estão a fazer uma digressão pela Ásia para tocar para as comunidades portuguesas."Estivemos quatro dias em Macau e as próximas atuações são em Tóquio, no Japão. Hoje estávamos aqui [no aeroporto] às 15:00 locais (8:00 de terça-feira em Lisboa). Quando chegámos o ambiente estava tranquilo, os voos estavam a sair bem, mas por volta das 17:00 locais o voo atrasou duas horas e momentos depois foi cancelado", disse ao DN Francisco Martins, um dos membros da tuna.
Esta terça-feira, centenas de jovens barricaram-se nos terminais do aeroporto, bloqueando o acesso à zona onde é efetuado o check-in. "Os manifestantes estavam com uns carrinhos das malas a bloquear a entrada para as partidas no Terminal 2, depois das pessoas fazerem o check-in. Algumas conseguiram saltar. Quando os voos foram cancelados, eles [manifestantes] começaram a festejar e foram para o Terminal 1, que é muito mais complexo e aí é que houve alguns confrontos com a polícia, até com gás pimenta", descreve Francisco Martins.
A tuna de Medicina da Universidade do Porto manteve-se no Terminal 1 durante o dia, a tentar chegar à fala com a companhia aérea, sem sucesso. Ainda não sabem quando conseguirão voar para Tóquio, uma vez que há muitos voos cancelados para as próximas horas.
Há mais de dois meses que duram os protestos em Hong Kong por causa de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. O clima de contestação tem sido marcado por violentos confrontos entre manifestantes e policias, com dados recentes a apontarem para um impacto económico na indústria de viagens na ex-colónia britânica.
A proposta em causa foi suspensa entretanto, mas os protestos continuam sob a bandeira de uma "erosão das liberdades" na antiga colónia britânica.