Promessas percorrem de joelhos Campo de S. Francisco
Apesar de desaconselhada no passado pela hierarquia católica açoriana devido ao sacrifício que implica, tal prática persististe, registando mesmo um incremento nos últimos anos, disse à agência Lusa, Amélia Torres, vice-presidente da Cruz Vermelha local.
A tendência pode ser confirmada pelo aumento do número de penitentes que recorrem ao posto de apoio que a instituição tem instalado junto ao Campo de S. Francisco, referiu, precisando que até às 10.30 locais (11.30 de Lisboa) já tinham sido assistidas cerca de 130 pessoas. No ano passado, e ao longo de todo o dia, foram assistidas perto de 170, indicou.
A responsável da Cruz Vermelha acrescentou que procuram assistência pessoas de todas as idades, sendo mais numerosas as mulheres do que os homens.
O pagamento de promessas, em retribuição de "graças" recebidas ou para pedir a intervenção divina, constitui uma das principais expressões da devoção à imagem do "Ecce Homo" do Convento da Esperança, que sai em procissão pelas ruas de Ponta Delgada no quinto domingo a seguir à Páscoa, desde 1700.
Além de percorreram de joelhos e, nalguns casos apoiados com as mãos no chão, os devotos do Santo Cristo de Ponta Delgada integram-se também aos milhares, muitos descalços e com molhos de sírios às costas, no cortejo da mudança da imagem, que acontece na tarde de sábado, e na demorada procissão de domingo.
Enriquecida com ouro e pedras preciosas oferecidas pelos crentes, a imagem do Santo Cristo do Convento da Esperança foi oferecida às irmãs clarissas da ilha de S. Miguel pelo papa Paulo III.
Impulsionadas por uma freira - madre Teresa d'Anunciada - as festas em torno dessa imagem, a quem os crentes atribuem poderes milagrosos, realizam-se também em várias cidades com presença açoriana, sobretudo nos Estados Unidos e Canadá.
Presididas este ano pelo Núncio Apostólico em Portugal, Rino Passigato, as festividades trazem a Ponta Delgada peregrinos de várias ilhas do arquipélago, do continente e das comunidades de emigrantes.