O projeto-piloto, promovido pelo Instituto do Mar (IMAR) da Universidade dos Açores (UAç) e pelo Woods Hole Oceanographic Institution, dos EUA, procedeu, em março, à marcação de nove lulas gigantes, da espécie Loligo forbesi, que estão atualmente em cativeiro no Aquário do Porto Pim, na ilha Faial, e serão libertadas no oceano este mês.."A biotelemetria permite-nos marcar estes animais, e outros, com dispositivos eletrónicos que, ao darem-nos informação sobre as ações e o ambiente dos animais, abrem-nos uma janela completamente inaudita sobre a sua vida", disse Pedro Afonso..Segundo o investigador do Grupo de Biotelemetria do IMAR, o objetivo é conseguir desenvolver uma marca de transmissores "de nova geração" que estude "a detalhe" uma espécie "sobre a qual pouco se conhece". ."São animais mal conhecidos, em relação ao seu comportamento, e esta marca, se cumprir as melhores expetativas, vai-nos permitir conhecer muito melhor esse comportamento", referiu..Outro dos propósitos do estudo biotelemétrico desta espécie de lulas, que "nos Açores atinge os maiores tamanhos conhecidos", está na sua importância para o "equilíbrio" marinho.."Estas são espécies que têm um papel ecológico que se julga fundamental no equilíbrio do ecossistema porque fazem a transferência de energia entre as camadas mais altas e as mais baixas na cadeia alimentar", explicou, referindo ainda que o seu estudo pode "prever melhor" os impactos que, por exemplo, a pesca e as alterações climáticas, têm no ecossistema marinho..Neste âmbito, Pedro Afonso considerou também que Açores são um "excelente cenário" para a implementação desta tecnologia marinha com vista ao desenvolvimento da "chamada economia azul", baseada no potencial gerado pelos oceanos para promover a sustentabilidade na produção de bens e serviços.."Quase todos os tipos de ecossistemas marinhos profundos e oceânicos estão aqui à porta de casa, digamos assim", reforçou, referindo que "a próxima etapa" do projeto, que tem contado, até agora, com financiamento "exclusivamente norte-americano", necessitará de verbas "a candidatar a projetos tecnológicos" da União Europeia..Atualmente, as lulas gigantes estão em exposição no aquário faialense, num projeto que conta localmente com o apoio da empresa Flying Sharks e do Parque Natural de ilha do Faial.