Professores de Teatro querem progredir na carreira como outros docentes

Professores de Teatro e Expressão Dramática concentraram-se hoje em frente ao Ministério da Educação para exigir a criação de um grupo de recrutamento que lhes permita progredir na carreira tal como acontece com os restantes docentes.
Publicado a
Atualizado a

Os menos de cem professores que dão aulas de Teatro e Expressão Dramática, "alguns há mais de duas décadas", nunca tiveram direito a ingressar na carreira docente, porque não existe um grupo de recrutamento específico para eles, alertou hoje Firmino Bernardo, da Associação de Professores de Teatro-Educação (Aproted).

Todos os anos, estes professores têm de se candidatar a uma escola para dar aulas e acabam sendo contratados como técnicos especializados.

Rosário Cadete é uma dessas professoras. Começou a dar aulas em 2002, ininterruptamente, mas nunca teve qualquer aumento salarial nem sabe o que é estabilidade profissional.

Com um doutoramento em Teatro e Educação e com uma experiência profissional de 17 anos em salas de aulas, Rosário Cadete tem um vencimento como se fosse o primeiro ano em que trabalha numa escola.

"Eu recebo como se estivesse no 1.º escalão, mas deveria estar num escalão muito superior e a receber muito mais, mas nem sei quanto, porque ainda estou preocupada com coisas tão simples como a criação de um grupo de recrutamento", disse à Lusa durante a concentração que se realizou hoje em frente ao Ministério da Educação, em Lisboa.

Com a criação de um grupo de recrutamento, estes professores deixariam de ser contratados como técnicos especializados e poderiam ingressar na carreira docente.

Segundo Firmino Bernardo, a disciplina de Teatro e Expressão Dramática existe em algumas escolas como opção para os alunos do 3.º ciclo, nos cursos profissionais de artes e espetáculo, em cursos profissionais que têm disciplinas de expressão dramática, assim como nas AEC (Atividades de Enriquecimento Curricular).

"Há professores que dão aulas há 20 anos, mas desde que criámos a associação, em 2006, que andamos a pedir o mesmo, sem qualquer efeito", recordou o representante da Aprofet e que dá aulas desde 2002.

Hoje, cerca de duas dezenas de docentes concentraram-se junto ao Ministério da Educação, onde entregaram um pedido de reunião para exigir a criação de um grupo de recrutamento.

A concentração, convocada pela Fenprof, contou com a participação do secretário-geral daquela estrutura sindical, Mário Nogueira, e da deputada comunista Ana Mesquita.

Mário Nogueira recordou a recente batalha travada pelos professores de Língua Gestual Portuguesa que também conseguiram a criação de um grupo de recrutamento específico, que foi publicado em Diário da República esta semana.

"Os colegas de Língua Gestual Portuguesa também eram contratados como técnicos especializados (...) e o Ministério da Educação criou um grupo de trabalho que em menos de um ano conseguiu criar um grupo de recrutamento", lembrou Mário Nogueira.

Além da pressão junto da tutela, os professores vão recolher assinaturas para que o assunto seja discutido na Assembleia da República.

Da parte do PCP, Ana Mesquita voltou a afirmar a disponibilidade do partido para defender os motivos da "luta mais do que justa" destes professores.

Sublinhando que é preciso "trazer as artes para dentro das escolas", Ana Mesquita sublinhou a importância de "valorizar a cultura integral do indivíduo".

Ao longo de 17 anos de docência, Rosário Cadete viu muitos colegas a desistir da profissão, "porque não são dadas condições nem estabilidade", recordou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt