Procurador inclui José Dirceu na lista de 40 acusados do 'mensalão'
O procurador-geral da República brasileiro, Antonio Fernando de Souza, concluiu que existiu "mensalão" - pagamento a deputados para apoiarem as propostas do Governo de Lula da Silva - e se instituiu "uma sofisticada organização criminosa" sob o comando do Executivo e do Partido dos Trabalhadores (PT). Embora nomeado pelo presidente da República, o procurador tem direitos constitucionais que lhe permitem actuar com isenção, à frente do Ministério Público (MP).
O relatório do procurador indiciou criminalmente 40 pessoas, entre os quais os ex-ministros José Dirceu e Luis Gushiken, o antigo presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha - todos ligados a Lula - e o ex- presidente do PT José Genoíno. Até o publicitário da campanha de Lula, Duda Mendonça, foi acusado de crimes contra a nação.
"São 40 pessoas envolvidas no denominado esquema do 'mensalão'. O MP constatou que houve um esquema de tráfico político de apoio. Nesse sentido sim, houve mensalão. Eu descrevo como ocorreu isso na denúncia de 133 páginas. Descrevo facto por facto", disse Souza.
O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, deputado Osmar Serraglio, sentiu-se fortalecido após a denúncia do MP: "O Governo acusou-me de inventar crimes e agora o Ministério Público confirma tudo o que eu disse." O documento do MP, apresentado ao Supremo Tribunal Federal a 30 de Março, cita o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu como "chefe do organigrama delituoso" e três ex- dirigentes do PT - José Genoíno, Delúbio Soares e Sílvio Pereira - como integrantes do "núcleo principal do bando de criminosos".
Ao todo, foram denunciadas à Justiça 40 pessoas, entre políticos e empresários. Com 136 páginas, o texto de Souza é bem mais contundente para o PT do que o relatório final da CPI dos Correios contestado pelo partido. Entre os acusados, figuram o ex-ministro Gushiken, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e o publicitário Duda Mendonça.
Segundo a investigação do procurador-geral, o esquema do "mensalão" era uma organização criminosa dividida em três núcleos: o político-partidário, o publicitário e o financeiro. O núcleo político-partidário, liderado por José Dirceu, pretendia garantir a permanência do PT no poder com a compra de suporte político de outros partidos e com o financiamento irregular de campanhas.