Procurador acompanha casos de jovens alemães

<p>Jovens alemães que são considerados problemáticos foram enviados para serem reeducados em Portugal.</p>
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O Ministério Público (MP) está a investigar os casos de cerca de 70 menores alemães considerados problemáticos e que eram enviados para Portugal com o objectivo de serem reeducados. O MP garante mesmo que a "sua protecção está devidamente assegurada", apesar de o Instituto de Segurança Social falar já em dois suicídios. Já a Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco assegurou que colaborou com o MP.

"A situação está a ser acompanhada pelo MP competente, tendo sido aberto um processo administrativo no Tribunal de Família e Menores de Faro, no qual têm sido realizadas diligências consideradas adequadas e necessárias, nomeadamente a protecção dos menores, que tem sido devidamente assegurada", explicou a Procuradoria-Geral da República.

Segundo o Instituto de Segurança Social, os jovens alemães considerados problemáticos enviados para serem reeducados em Portugal são neste momento cerca de 70, assegurando que nenhum necessita de ser retirado às famílias de acolhimento. Em declarações ao canal público alemão ZDF, Edmundo Martinho confirmou que já houve dois casos de suicídio entre jovens alemães problemáticos, além de vários delitos cometidos por estes. O presidente do ISS adiantou ainda que as crianças foram enviadas para cerca de dez associações que operam no Alentejo Litoral e no Algarve.

Um cidadão alemão, residente na zona de Figueiral, Vila do Bispo, confirmou ao DN que desde Novembro de 1994 até 2009" recebeu jovens germânicos na sua casa. "Nunca tive rapazes maus. Os rapazes maus estão nas prisões da Alemanha. E desde 2009, após um juiz de Lisboa ter proibido a vinda de mais jovens para Portugal, espero, tal como outras famílias do meu país radicadas no Algarve, resposta da Segurança Social com a definição dos critérios que exigem para podermos voltar a recebê-los", salientou o germânico de 57 anos, sob anonimato.

O imigrante recusou mencionar os valores dos subsídios concedidos pelo Governo alemão, mas desmentiu a atribuição de verbas na ordem de quatro mil euros por jovem a cada família de acolhimento, como tem sido referido. "Isso não é verdade. Existe uma organização na Alemanha que recebe os subsídios e gere o dinheiro, distribuindo-o, depois, pelas famílias alemãs em Portugal", assegurou, dando a entender que essa entidade fica com parte da verba atribuída pelo Governo do seu país.

Miriam Wolter, adida de imprensa da Embaixada da Alemanha, disse ao DN que todas as situações envolvendo estes adolescentes "são caso que nós, como embaixada, em princípio conhecemos". Nomeadamente os contactos "entre o Governo federal e as autoridades portuguesas". No entanto, não pode precisar o número de jovens nesta situação, por se tratar de uma informação dependente de serviços, que ontem fecharam às 13.30 na embaixada.

Miriam Wolter acrescentou que, apesar do seu empenho em "cumprir a legislação portuguesa", as autoridades alemãs não têm controlo directo sobre as decisões de enviar estes adolescentes.

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