A informação foi transmitida pela deputada do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) durante o debate sobre o estado da justiça cabo-verdiana, que está a decorrer no parlamento, após dados do relatório anual do Ministério Público, relativo ao ano judicial de 2017/2018, apontarem para um aumento dos processos de crimes de homicídio no país, nesse período..De acordo com o documento, os serviços do Ministério Público de Cabo Verde registaram 354 processos de crimes de homicídios no ano judicial de 2017/2018, mais 166 que no ano anterior..Nesse período, que vai de 01 de agosto de 2017 a 31 de julho de 2018, a Procuradoria-Geral da República (PGR) cabo-verdiana adiantou que o crime de homicídio tentado corresponde a 57% dos registados, seguido dos homicídios simples (22%) e dos negligentes (19%)..As notícias com os dados oficiais do Ministério Público originaram reações do Governo cabo-verdiano, que informou na terça-feira que a criminalidade geral no país diminuiu 20 por cento, de janeiro a setembro deste ano..Durante o debate sobre a situação da justiça, Joana Rosa, que é também presidente da Comissão Especializada de Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos, Segurança e Reforma do Estado no parlamento, disse que não houve aumento do número de homicídios no último ano judicial..A deputada esclareceu que os dados têm a ver com processos que estavam "congelados" há vários anos na Polícia Judiciária e que, devido à "incapacidade de investigação" desta força policial, foram enviados à PGR, uma informação que não consta do relatório do Ministério Público.."Convém que isso fique claro, porque senão estamos a passar informações erradas à sociedade cabo-verdiana", salientou a deputada do partido no poder em Cabo Verde..No mesmo debate, o ministro da Administração Interna de Cabo Verde, Paulo Rocha, reafirmou que a criminalidade diminuiu cerca de 20% este ano em todo o país e salientou que não se deve confundir acidentes de trânsito (homicídio por negligência), com os restantes homicídios. ."Não podemos confundir acidentes de trânsito com homicídios, houve vítima, fatalidade, sem dúvida, mas intencionalidade não. E a questão dos homicídios é trabalhada internacionalmente. 350 homicídios num ano, mandariam Cabo Verde lá para o fundo da tabela, que não se compararia nem com países em guerra. É preciso ter isto bastante presente", afirmou o ministro..Num comunicado publicado na quarta-feira na sua página na internet, a PGR de Cabo Verde esclareceu que "o número de homicídios simples e qualificados diminuíram no ano judicial de 2017/2018, comparativamente com o ano judicial de 2016/2017, e que os na forma tentada e negligente aumentaram"..No ano judicial 2017/2018, o Ministério Público informou no seu relatório que o número de processos-crime novos registados nos serviços, a nível nacional, foram 24.026, menos 2.349 que no mesmo período anterior, o que representa menos 8,9% de entradas.