Problemas da Efacec "não se resolvem só com a injeção de capitais"
Frustrada a venda da Efacec à bracarense DST, o governo procura "novas hipóteses de solução" para a participação de 71,73% que nacionalizou em 2020. Manter a empresa na esfera do Estado não faz parte dos planos, mas há que encontrar formas de a viabilizar. E embora os problemas da empresa sejam "claramente financeiros, não se resolvem só com a injeção de capitais", garante fonte conhece- dora do processo.
Além de que, assegura a mesma fonte, o problema da Efacec não é de agora. "A situação foi muito agravada com a questão do impasse acionista, por causa de Isabel dos Santos, mas o problema da Efacec vem de trás. A empresa tem muitas coisas boas ao longo deste período, mas também tem muitas dificuldades de gestão de várias soluções privadas que aconteceram", sustenta, sublinhando que o governo procura encontrar "uma solução que seja duradoura".
E como é que isso se consegue? "É preciso encontrar uma solução de gestão profissional da Efacec nas áreas de negócio em que a empresa tem possibilidade de ser viável e isso exige encontrar soluções de diferente natureza. Evidentemente também financeiras, mas não só financeiras", refere fonte governativa, sem avançar com mais pormenores.
Atendendo a que a DST havia sido já a única a formalizar uma proposta vinculativa de compra da Efacec, num processo em que vários foram os interessados - além da DST o único português selecionado pelo governo, em maio de 2021, para a apresentação de propostas vinculativas havia sido a Sing, holding da Sodecia; havia ainda os chineses Chint Group, a espanhola Iberdrola e os egípcios Elsewedy Eletric -, a situação não se revela agora fácil de resolver, mas o Executivo garante: "Não perdemos a esperança de encontrar uma solução".
Recorde-se que, na última sexta-feira, o governo assumiu, oficialmente, a incapacidade de chegar ao fim no processo de venda da participação pública na empresa, dando conta, através de um comunicado conjunto dos ministérios da Economia e das Finanças, que a reprivatização não aconteceu por "não se terem verificado todas as condições necessárias à concretização do acordo de venda". O governo "continua a trabalhar com todas as partes envolvidas, incluindo interessados na aquisição da empresa, numa solução que viabilize a atividade industrial da Efacec e salvaguarde o interesse público", pode ler-se no comunicado.
Também a DST se pronunciou, numa curta nota às redações, na qual invocou as mesmas razões para o insucesso da operação e destacou os "esforços de todas as partes envolvidas" que estiveram "arduamente empenhados na concretização" da operação.
ilidia.pinto@dinheirovivo.pt