Problema da CERA resolvido mas a EPO ainda é uma ameaça

Patentes caducadas abrem espaço a cópias das moléculas originais, produzidas na Ásia ou no Leste Europeu, que depressa irão alimentar o mercado negro.<br />
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"A eficácia do teste sanguíneo está provada, o problema está resolvido". Esta é convicção de Neil Robinson, responsável pelo despiste de eritropoietina (EPO) no laboratório de Lausana, relativamente à CERA. Mas, Robinson garante que as EPO continuarão a ser uma grande ameaça ao desporto.

"A CERA possui a mesma estrutura que a EPO clássica, de primeira geração. O seu efeito dura mais tempo e exige apenas uma injecção por mês. Representa um conforto para os hospitais, mas não para quem quem dopa e quem se dopa, pois o seu período de detecção no organismo é mais longo. A eficácia do teste sanguíneo está provada, o problema está resolvido. Não vejo o interesse dos atletas em continuarem a usá-la, mas manteremos a pressão", afirmou Robinson ao 24 Heures.

Um problema está resolvido, mas outros surgirão. A EPO clássica "é uma molécula de escolha. Tem ainda muitos dias pela frente. Porquê? Porque as patentes ligadas à sua produção caducaram com o tempo. Consequência: os países de Leste e da Ásia, em particular, já a produzem e vendem-na. E as máfias tomaram conta deste mercado enorme", avisou o cientista, lembrando que, "para um atleta ser condenado por dopagem, inúmeros critérios de positividade devem estar reunidos": "Ora, se a molécula fabricada num destes países emergentes é parecida mas não idêntica à que é conhecida, isto é um problema."

E não são só as cópias que representam obstáculos. As EPO biossimilares (produzida a partir de células humanas), como a Dynepo, criaram problemas no ano passado.

O laboratório de Paris detectou esta substância no atletismo e nas amostras de Michael Rasmussen (ciclista expulso da Volta a França de 2008 por mentir às autoridades antidopagem), mas não as pôde declarar positivas porque faltavam os critérios de positividade.

Neil Robinson também alerta que, "com o tempo, os atletas aprendem a maneira de utilizar uma molécula de maneira a não ser detectada nos seus corpos".

"Não obtêm todos os benefícios, mas também não são apanhados", frisou.

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