Pró-russos disparam sobre avião militar de Kiev

Um avião militar ucraniano foi atingido por vários disparos quando sobrevoava posições ocupadas por milícias pró-russas na cidade de Slaviansk, no Leste do país. O incidente sucedeu no dia em que o vice-presidente americano Joe Biden visita Kiev, onde advertiu a Rússia para as consequências das tentativas de desestabilização na Ucrânia.
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O anúncio de que o avião fora atingido partiu do Ministério da Defesa ucraniano, que disse este ter sido alvejado ao sobrevoar posições ocupadas pelas forças pró-russas na cidade de Slaviansk. "Desconhecidos atiraram sobre um Antonov 30 quando este realizava um voo de observação sobre a cidade. O aparelho foi atingido por várias balas", mas aterrou sem problema, refere o comunicado oficial.

O incidente constitui nova escalada no clima de tensões no Leste da Ucrânia onde as milícias pró-russas não desocuparam as posições e edifícios que ocupam, ao contrário do estabelecido no acordo assinado em Genebra por Kiev, Moscovo, Estados Unidos e a União Europeia, e coincidiu com a visita do vice-presidente dos Estados Unidos à capital ucraniana. Aqui, Joe Biden advertiu hoje a Rússia para o isolamento que vai enfrentar se mantiver tropas na fronteira com a Ucrânia e continuar a apoiar forças separatistas no leste do país.

A tensão não diminuiu com a assinatura do acordo de Genebra, na quinta-feira passada, e as forças separatistas de várias cidades do leste ucraniano anunciaram um referendo para 11 de maio sobre uma união com a Rússia.

"Está na altura de parar de falar e começar a agir (...) Devemos ver medidas serem tomadas sem atraso, o tempo é curto", disse Biden à imprensa em Kiev, lado a lado com o primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Iatseniuk.

Biden insistiu com Moscovo para "retirar as suas tropas" junto à fronteira e de "deixar de apoiar os homens que se escondem atrás de máscaras", uma referência às forças pró-russas do leste.

Se a Rússia continuar com "as suas provocações", sujeita-se a "mais custos e a um maior isolamento".

Os Estados Unidos já aplicaram sanções a altos responsáveis do círculo próximo do presidente russo, Vladimir Putin, após a anexação da península ucraniana da Crimeia.

Numa segunda fase, ameaçam visar setores da economia russa, enfraquecida nas últimas semanas pela fuga de capitais.

Por seu lado, a ex-primeira-ministra e candidata à Presidência, Iulia Timochenko, pediu hoje às potências ocidentais "mais firmeza" face a Moscovo porque "a força agressiva que cresce na Rússia apenas pode ser vencida com uma força similar ou superior". "O mundo deve bloquear a tempo [a Rússia], caso contrário não será possível voltar atrás", advertiu a candidata às presidenciais de 25 de maio, em entrevista hoje publicada pelo diário francês Le Monde.

Timochenko considerou que as sanções impostas a Moscovo apenas serão eficazes "caso coloquem o regime no limite da sua sobrevivência", porque de contrário "o que fazem é irritar e reforçar o espírito nacionalista".

A ex-chefe do Governo afirmou que o problema para a aplicação dos acordos de Genebra reside no facto de "a Rússia não reconhecer a sua incursão militar na Ucrânia" quando optou por se juntar aos setores pró-russos do leste do país que "têm medo da guerra". Neste contexto, referiu que nos seus contactos com responsáveis do leste do país propôs "reforçar o estatuto da língua russa", permitir uma maior autonomia executiva e orçamental e aplicar uma amnistia para todos os ucranianos de origem russa que ocuparam edifícios públicos.

"Devem distinguir-se os ucranianos [que se exprimem em russo] dos agentes russos que operam no nosso território", afirmou.

Timochenko considerou "inaceitáveis" os ultimatos de Moscovo e considerou que a política do Presidente russo, Vladimir Putin, "é do século XVIII".

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