Privados fazem testes da gripe A por 42 euros

Os laboratórios privados já têm a tecnologia e o treino necessário para detectarem o H1N1. O teste custa entre 42 e 100 euros e demora cerca de seis horas. A decisão de fazer a análise fica ao critério do médico assistente
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Custa pelo menos 42 euros, mas pode ultrapassar os 100 saber se o vírus culpado pela sua gripe é o já famoso H1N1 num laboratório do sector privado. Desde final de Agosto que o Ministério da Saúde (MS) só faz testes aos doentes mais graves ou com factores de risco, mas as clínicas privadas já oferecem uma alternativa. E há quem recorra ao particular por iniciativa própria.

O Celab é um dos 50 laboratórios do grupo MediServiços que já oferecem o teste ao H1N1, embora estes sejam realizados apenas em dois centros mais especializados, explica Távora Tavira, director médico do grupo. "É uma técnica que exige treino específico do pessoal", justifica. O grupo começou há 15 dias e já realizou cerca de 60 testes. "São direccionados para a identificação do H1N1, embora também reconheçam os vírus do tipo influenza A, e custam 42 euros", indica o médico. A procura tem vindo a crescer e algumas pessoas querem fazer o teste por iniciativa própria, diz.

"Fica ao critério do médico assistente decidir se é necessário fazer o teste ou não", acrescenta Germano Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Analistas Clínicos. Também o Centro de Medicina Laboratorial, que dirige e que tem mais de 70 clínicas espalhadas pelo País, já realizou quase 160 testes nas últimas três semanas. Aqui, as análises são mais abrangentes, identificando um conjunto de vírus, e custam cerca de 100 euros.

Ambas usam, no entanto, o mesmo tipo de testes que é utilizado pelo Instituto Ricardo Jorge (Insa), laboratório de referência para a gripe A, garantem. Ou seja, um teste que usa técnicas de biologia molecular para detectar o H1N1. Os resultados demoram cerca de seis horas. "Geralmente damos os resultados no próprio dia. No máximo, no dia seguinte", diz Távora Tavira.

O MS recomenda que só façam testes os doentes com um "quadro clínico que o justifique", nomeadamente quando têm factores de risco e têm indicação para fazer tratamento com antivirais. Assim, considera que a maior parte das pessoas não precisa de ser testada porque isso não vai alterar a forma como são tratadas, já que 95 a 98% dos casos não apresentam gravidade e não precisam de tomar Tamiflu. Por exemplo, na última semana foram detectados 1530 novos casos de gripe, mas apenas 259 foram confirmados através de testes.

No entanto, para o director-geral da Saúde, Francisco George, "nada impede que os privados façam este teste, tal como fazem um TAC e outros exames, nem que o Estado recorra a eles se precisar". Aliás, nas últimas semanas de Agosto o Insa teve dificuldade em dar resposta às muitas solicitações que recebia. A rede de laboratórios do Estado para a gripe A foi entretanto alargada.

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