Prisão com vista para a esplanada
Na semana que agora termina, muitas das conversas, das mais simples às mais sofisticadas e influentes, terminaram com uma palavra: esplanada! Isso mesmo. São muitos os portugueses que têm agendas detalhadas de desconfinamento para o dia 5 de abril. Hoje sentem-se ainda como que dentro de uma prisão, cujo portão se abrirá, finalmente, nessa segunda-feira.
Têm abertura prevista no dia 5 as esplanadas com mesas até quatro pessoas, as feiras e os mercados não alimentares, a prática de modalidades desportivas de baixo risco, a atividade física ao ar livre até quatro pessoas e ginásios sem aulas de grupo, os equipamentos sociais na área da deficiência, museus, palácios, monumentos, galerias de arte e similares, as lojas com 200 metros quadrados com porta para a rua, as escolas dos 2.º e 3.º ciclos e ATL para estas mesmas idades. Faltará ainda reabrir muitas mais atividades nos dias 19 de abril e 3 de maio.
O estado da nação em termos sociais e psicológicos requer uma boa gestão das expectativas e um alerta, que nunca é de mais, para a necessidade de comportamentos responsáveis. Acabar cada frase e cada conversa com "esplanada" pode ser um indício de perigo.
Vejamos o que se passa lá fora. Os países que começaram a desconfinar em fevereiro e a abrir esplanadas, restaurantes e bares veem agora a pandemia a agravar-se. Se França e Itália já estão a regressar ao confinamento, também Alemanha, Polónia, Áustria, Bulgária e Holanda voltam a ficar em estado de alerta e, em alguns casos, a ponderar o fecho de espaços de refeição mesmo ao ar livre.
Quando os clientes se sentam a uma mesa, parece que apagam da memória os cuidados que devem ter. Por norma, sentam-se e tiram a máscara, mas esse gesto só deve acontecer para comer ou beber, devendo a máscara ser reposta logo após a refeição. Parece um gesto simples, e é, mas a Direção-Geral da Saúde já deveria estar a evangelizar os cidadãos nesse sentido. Um ato simples que, segundo alguns especialistas, poderá ter alto impacto nos números. Prevenir, prevenir, prevenir é a única forma de não voltarmos a ver o nosso país fechado.
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