Principais acontecimentos que marcam os protestos em Hong Kong
Hoje assinalam-se os 22 anos sobre a passagem de poder da ex-colónia britânica sendo que todos os anos, no dia 01 de julho, os ativistas marcam presença em protestos pela defesa de direitos, liberdades e garantias, nomeadamente sobre a eleição do chefe do Executivo através de sufrágio universal.
Em 2014, um vasto movimento conhecido como a "Revolta dos Guarda-Chuvas" prolongou-se durante mais de dois meses e ocupou várias zonas no centro da ilha de Hong Kong, além de outros pontos em território continental.
A atual Região Especial Administrativa Especial de Hong Kong beneficia durante um período de 50 anos (até 2047) do princípio "um país dois sistemas" e de um regime jurídico, tal como Macau, diferente do de Pequim.
No passado mês de fevereiro as autoridades de Hong Kong decidiram modificar a legislação sobre a extradição, uma decisão contestada pela oposição e juristas que receiam o reforço da influência do poder central.
As primeiras manifestações ocorridas este ano começaram no dia 28 de abril com a participação de milhares de pessoas nas ruas.
No dia 30 de maio, as autoridades limitaram a possibilidade de extradição às pessoas que incorrem em penas de sete anos de prisão, no mínimo, prometendo garantias durante os processos judiciais.
O projeto de lei é contestado pela oposição e, no dia 04 de junho, coincidindo com o assinalar dos 30 anos sobre o massacre da Praça Tiananmen, em Pequim, em 1989, dezenas de milhares de pessoas sairão às ruas de Hong Kong.
A 09 de junho, mais de um milhão de manifestantes ocuparam novamente as ruas durante sete horas numa manifestação considerada como a mais participada de sempre na cidade habitada por sete milhões de pessoas.
Durante o protesto, a polícia prendeu 19 pessoas tendo contabilizado a participação de 240 mil manifestantes, um número rebatido pelos organizadores do movimento de contestação.
A chefe do governo local, Carrie Lam, afirmou na mesma altura que o Conselho Legislativo ia voltar a analisar o texto do projeto-lei sobre a extradição para a China, mas sem conseguir acabar com os protestos.
Poucos dias depois, a 12 de junho, os manifestantes paralisaram o centro de Hong Kong fazendo com que o governo tivesse de anunciar o adiamento da discussão sobre a extradição.
No mesmo dia, ocorrem confrontos junto ao Parlamento que fizeram um morto e 79 feridos, dois dos quais em estado grave.
Em solidariedade para com as vítimas centenas de estabelecimentos comerciais encerram as portas.
Carrie Lam critica a 12 de junho os manifestantes afirmando que os confrontos foram "organizados".
Em reação, a União Europeia lança um apelo para que seja respeitado o "direito de manifestação" e o Reino Unido considera "vital" impedir o projeto de lei porque contraria a legislação negociada com a República Popular da China antes de 01 de julho de 1997.
Um dia depois Pequim condena "firmemente" os manifestantes demonstrando apoio às autoridades locais e denunciando "ingerência" por parte da União Europeia.
No dia 15 de junho, Carrie Lam anuncia a suspensão do projeto de lei sem fixar nova data para a discussão do tema.
Passado um dia, segundo os organizadores, mais de dois milhões de manifestantes desfilam nas ruas de Hong Kong vestidos de negro e pedem a demissão da chefe do Executivo.
Carrie Lam pede "desculpas" reconhecendo lacunas no trabalho do governo sobre o projeto lei.
Pequim reafirma apoio à chefe do governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong.
Entretanto, Joshua Wong, um dos líderes dos protestos de 2014, preso no passado mês de maio, é libertado no dia 17 de junho anunciando que se vai juntar ao novo movimento de contestação pró democracia.
Os protestos multiplicam-se, sobretudo no dia 21 de junho quando os manifestantes se concentram frente ao principal quartel da polícia de Hong Kong.
Hoje, a polícia de Hong Kong usou gás pimenta contra manifestantes que investiram contra o edifício do Conselho Legislativo, na altura em que ainda decorre a marcha anual pela democracia.
De acordo com a imprensa local, os manifestantes conseguiram quebrar algumas portas de vidro do edifício, enquanto a polícia de choque tentava dispersar a multidão com gás pimenta.
Devido aos confrontos, a organização Civil Human Rights Front [Frente Civil de Direitos Humanos] já indicou que a marcha não vai terminar no Conselho Legislativo, como estava previsto, mas num local próximo.
Milhares de pessoas estão concentradas nas ruas da região para a marcha anual em prol da democracia, que este ano é também uma marcha contra as controversas emendas à lei de extradição, que permitiria extradições para a China.