Primeiro-ministro acusado de ter ordenado investigação secreta a rival

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O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, está em grandes dificuldades políticas, após a publicação, na sexta-feira, de novas informações sobre o caso Clearstream. Esta investigação judicial consiste numa complexa teia de mentiras que pode, agora, revelar-se não ter passado de um golpe baixo contra o grande rival de Villepin, Nicolas Sarkozy.

Ambos os homens têm a ambição de representar a direita nas eleições presidenciais de 2007. A questão, neste caso, está em identificar quem encomendou a lama, com o chefe do Governo e o Presidente Jacques Chirac na primeira linha de suspeitos.

Muitos deputados começam a falar na eventual demissão do primeiro-ministro, isto depois de Le Monde (e a cadeia de televisão France 3) terem revelado que um general dos serviços secretos e antigo membro da contra-espionagem francesa, Philippe Rondot, contou aos juízes ter recebido ordens de Villepin para investigar Sarkozy. As instruções vinham do próprio Chirac.

Ontem, o general Rondot reagiu às notícias, afirmando-se "escandalizado" pelo uso enviesado de elementos retirados do processo e dizendo que Villepin nunca lhe ordenou "que tomasse Sarkozy por alvo". Mas o desmentido vem de uma "fonte próxima" do general.

O próprio primeiro-ministro, ainda na sexta-feira, explicou-se em comunicado oficial, embora a sua desculpa não tenha convencido a Imprensa. Villepin esclarece que pediu a Rondot, em Janeiro de 2004, para avançar com um inquérito sobre nomes que entretanto haviam surgido na Imprensa, relacionados com o caso Clearstream. Le Monde lembrava ontem que as listas só apareceram nos jornais em Abril desse ano.

O caso Clearstream remonta a 2001, estando relacionado com alegadas "luvas" pagas pela venda de seis fragatas à marinha de Taiwan. O dinheiro teria circulado em contas geridas pela sociedade Clearstream, com sede no Luxemburgo. Em 2004, surge uma lista de alegados beneficiários, entre eles Nicolas Sarkozy. Ora, todo o "escândalo" se baseava em denúncias de uma fonte anónima. E essa fonte mentiu. O inquérito judicial visa descobrir a origem da calúnia.

O Presidente Chirac também se sentiu na obrigação de esclarecer a opinião pública, negando ter ordenado qualquer investigação a Nicolas Sarkozy. Este último está fora de Paris e ainda não se pronunciou sobre o escândalo.

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