Primeiras fotos de roedor orelhudo
Espécie do deserto de Gobi está em extinção
Para o seu corpo pequeno (do tamanho de um ratinho), tem orelhas à Dumbo. Ou seja, enormes. Mas o biólogo britânico Jonathan Baillie, que trouxe agora à luz do dia as primeiras imagens conhecidas deste pequeno animal, prefere chamar-lhe o "Rato Mickey" do deserto do Gobi.
Trata-se de um gerbo, um roedor nocturno que vive nos desertos da Mongólia e da China, que está ameaçado de extinção, mas sobre o qual a ciência pouco sabe. Daí a importância das imagens que dele chegam do deserto de Gobi, no Sul da Mongólia. As filmagens, realizadas durante uma expedição promovida pela Zoological Society of London (ZSL), foram feitas no âmbito de um projecto de estudo destes animais liderado pelo biólogo Jonathan Baillie.
"Estas criaturas extraordinárias estão à beira de desaparecer e não sabemos quase nada sobre elas", explicou Baillie à BBC News online, sublinhando que as imagens conseguidas durante a expedição "vão ajudar a estudar esta espécie de uma forma que até agora não tinha sido possível".
A expedição da ZSL foi realizada num âmbito de um programa daquela sociedade científica britânica que tem por objectivo a conservação de animais e plantas únicas do ponto de vista da evolução, mas em risco de extinção. O caso, justamente, deste gerbo do deserto, que está na lista vermelha das espécies em risco da IUCN, a união mundial para a conservação das espécies.
"Fomos ao deserto de Gobi para obter mais informações sobre estes animais e podermos delinear um plano de acção de longo prazo para a sua conservação", adiantou Baillie.
No local, os cientistas puderam observar o comportamento dos gerbos no seu habitat natural e fazer um recenseamento preliminar dos grupos populacionais existentes na região.
"Estas criaturas deslocam-se aos saltinhos, como os cangurus, e é extraordinário observá-las", explicou Baillie, notando que "entre todos os mamíferos, estes sãos os que têm as maiores orelhas, considerando a relação proporcional com o corpo".
As imagens captadas pelos biólogos revelam que os gerbos do deserto de Gobi passam as horas de sol escondidos dentro dos túneis que eles próprios escavam na areia.
A sua alimentação é à base de pequenos insectos e é à noite, visto que são animais nocturnos, que os gerbos saem dos seus esconderijos para se alimentarem.
De acordo com o biólogo que liderou a expedição, esta a espécie está sobretudo ameaçada devido à pressão humana sobre o seu habitat.
"As pessoas pensam que os desertos são lugares vazios e sem biodiversidade, mas não é verdade. É preciso começar a olhar para estas regiões do ponto de vista da conservação". - F.N.