Preso contabilista do partido de Artur Mas
O tesoureiro da Convergência Democrática da Catalunha (CDC), partido do presidente da Generalitat, Artur Mas, foi uma das dez pessoas detidas ontem por corrupção em Barcelona. Andreu Viloca é acusado de ser o mediador na cobrança das comissões ilegais de 3% que o partido pedia em troca da adjudicação de obras públicas na região. Artur Mas diz que o partido (e ele próprio) são "peças de caça grossa" para o Estado, por causa do processo de soberania da Catalunha, dizendo que as autoridades "não vão encontrar nada porque não há nada de ilegal nas adjudicações".
Além do tesoureiro do partido foram detidos sete empresários, acusados de pagar as comissões ilegais ao CDC, assim como o diretor-geral do organismo da Generalitat responsável pelas obras públicas. Há dez anos, o então presidente do governo catalão, o socialista Pasqual Maragall, acusou publicamente a Convergência e União (CiU, hoje CDC após a cisão com o aliado União Democrática da Catalunha) de ter "um problema com o 3%", referindo-se à percentagem das supostas comissões cobradas pelo partido para a concessão das obras nos municípios que governava. Mas a investigação revela que o valor variava, segundo as informações dos media espanhóis.
As detenções e buscas a escritórios do partido e de empresas surge no dia em que o presidente da Generalitat assinou o decreto para a formação do Parlamento, que reunirá pela primeira vez na próxima segunda-feira, depois das eleições de 27 de setembro. Artur Mas continua entretanto as negociações para a formação de governo, não tendo ainda chegado a acordo que lhe permita a reeleição.
Nas autonómicas, a coligação independentista Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), da qual faz parte a CDC, foi a mais votada, mas não conseguiu a maioria. Conquistou 62 deputados de 135 possíveis. Desde então que Mas negoceia com a outra formação a favor da independência da Catalunha, a Candidatura de Unidade Popular (CUP), que elegeu dez deputados e pode viabilizar a reeleição do presidente da Generalitat. O problema é que a CUP recusa voltar a colocar Artur Mas no governo e o impasse mantém-se.
A partir de segunda-feira, os deputados têm dez dias para investir o novo presidente da Generalitat. Se na primeira votação não houver maioria absoluta, começa um prazo de dois meses para poder ser eleito por maioria simples (só possível com o voto favorável de dois deputados da CUP e abstenção dos restantes). A 9 de janeiro termina o prazo e depois será necessário convocar novas eleições. "Não é o cenário previsto, nem querido, nem desejado", disse ontem Artur Mas numa conferência de imprensa.
Na mesma ocasião, o presidente da Generalitat indicou que as detenções de ontem "não são alheias ao processo político" que se vive na Catalunha e disse manter a confiança nos administradores da CDC.