Presidente do PT de Lula demite-se no meio de crise
O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, apresentou ontem a demissão do seu cargo, envolto nos escândalos de corrupção que têm vindo a afectar o Governo de Lula da Silva. "Na condução do partido certamente cometemos falhas, erros e equívocos, mas no PT não praticamos irregularidades, não praticamos nenhum acto ilícito", disse Genoino antes da reunião da direcção nacional do partido, que deverá analisar o futuro do PT.
Se a sua situação já estava complicada quando há dois meses o deputado do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, denunciou o esquema do "mensalão" e o apresentou como um dos responsáveis, pior ficou esta semana quando a imprensa brasileira divulgou as suas ligações com o publicitário Marcos Valério, o alegado "homem da mala" que transportaria o dinheiro para pagar aos deputados aliados em troca do apoio às propostas do Governo. Valério teria sido avalista de um empréstimo do PT, juntamente com Genoino, com o secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, e com o tesoureiro do partido, Delúbio Soares - que esta semana também se demitiram.
Mas o golpe final parece ter surgido na sexta-feira à noite. A polícia deteve o assessor do seu irmão, o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT), quando este tentava embarcar num avião em São Paulo (com destino a Fortaleza e escala em Brasília) com 200 mil reais (quase 70 mil euros) numa mala e mais cem mil dólares (mais de 80 mil euros) escondidos sob a roupa. O assessor, José Adalberto Vieira da Silva, disse que o dinheiro era o pagamento de legumes que tinha vendido na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo.
Ontem, o jornal Folha de S. Paulo divulgava que, segundo relatos dos seus auxiliares, Lula terá dito que as imagens do dinheiro apreendido "pareciam um pesadelo". De acordo com a edição desta semana da revista Veja, uma sondagem mostra que 55% dos brasileiros não acreditam que o Presidente desconhecia a existência do esquema do "mensalão".