Na opinião de Mónica Farinha, em entrevista à agência Lusa, "seria muito positivo" se pudesse haver uma "resposta uniforme e homogénea" a todos os desafios que os requerentes de asilo e os refugiados reinstalados colocam às entidades de acolhimento..A responsável salientou que um dos aspetos positivos de Portugal estar envolvido no acolhimento de refugiados e ter uma posição favorável à proteção destas pessoas, "é que houve um maior envolvimento da sociedade civil e surgiram novas entidades de acolhimento". ."Se fosse possível trabalhar em conjunto com uma coordenação sólida e robusta seria muito, muito importante", defendeu..Mónica Farinha apontou que o CPR presta apoio jurídico, social e na aprendizagem da língua portuguesa, o que "nem sempre acontece por parte de outras entidades".."A resposta não tem sido completamente homogénea", frisou, acrescentando que a ajuda que tem vindo a ser dada depende e varia da instituição que a está a dar, salientando, no entanto, que "todas as entidades se esforçam imenso para prestar o melhor apoio que conseguem"..Para Mónica Farinha, "ninguém consegue trabalhar sozinho" e todas as parcerias são fundamentais, justificando que por muito entusiasmo ou experiência que o CPR tenha, não consegue sozinho prestar o melhor apoio da forma mais consistente possível e com a melhor qualidade..O vice-presidente do CPR defendeu que, apesar de ter havido uma grande evolução nos últimos anos no apoio que é dado por parte de Portugal a estas pessoas, nomeadamente ao nível da saúde ou da educação, há ainda áreas onde "há muito trabalho a fazer", desde logo no emprego e na formação profissional..Tito Campos e Matos apontou que é preciso trabalhar a questão das qualificações de modo a "permitir que os refugiados possam aceder a empregos mais qualificados", algo que não acontece com facilidade porque não conseguem que lhes sejam reconhecidas as qualificações de origem..Para o responsável, melhorando a certificação das competências dos refugiados e as medidas de apoio ao emprego será possível resolver o problema da integração e da autonomia destas pessoas sem que fiquem dependentes dos apoios do Estado e das prestações sociais..Tito Campos e Matos admitiu que os apoios financeiros dados aos refugiados são baixos e explicou que enquanto residem nas instalações do CPR têm direito a alojamento e um apoio para a subsistência..Já quando o processo transita para a Segurança Social ou para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) recebem igualmente um apoio financeiro, que "não chegará aos 300 euros", com o qual têm de pagar o alojamento e a alimentação.."Se desenvolvermos a questão da certificação de competências dos refugiados, desenvolvemos medidas de apoio ao emprego, conseguimos resolver o problema da integração sem estar a entrar na questão dos apoios", defendeu..Tito Campos e Matos acrescentou que deveria igualmente "haver um trabalho mais próximo entre quem dá o apoio social e quem dá o apoio à integração", apontando que a partir do momento em que os processos passam para a Segurança Social ou para a SCML deveria ser feito um plano de formação e de certificação, bem como uma avaliação das suas necessidades de emprego..O vice-presidente do CPR salientou, no entanto, que é preciso ter noção de que "os refugiados são diferentes dos imigrantes", já que procuram proteção e muitas vezes "não estão em condições de trabalhar", e que, por isso, é preciso perceber que alguém que precisa de proteção pode ter condições de integração, mas não de autonomia.."Não se pode tratar a população toda da mesma maneira. Eu posso ter um jovem com capacidade para estudar e trabalhar e ele pode fazer o processo de integração, mas se calhar uma mãe sozinha com os filhos não consegue ser autónoma até os filhos serem maiores e é essa diferenciação que é preciso fazer", defendeu, admitindo, no entanto, que atualmente "é muito difícil" dar apoios diferenciados..No dia 20 de junho assinala-se o Dia Mundial do Refugiado.