As advogadas Maria Clotilde Almeida e Paula Penha Gonçalves são as vencedoras do Prémio Nelson Mandela 2023, que premeia a defesa e proteção das crianças mais vulneráveis..Descritas como "um exemplo de profissionalismo, coragem e resistência", as advogadas representaram "Liliana Melo, a mãe a quem ilegalmente foram retirados sete filhos para adoção e que entre 2007 e 2016 lutou para que lhe fossem reconhecidos os seus direitos parentais", segundo se lê no comunicado da associação ProPública - Direito e Cidadania, que atribui o prémio.."Ao longo de quatro anos, as advogadas levaram o caso três vezes ao Supremo Tribunal de Justiça, tendo ainda recorrido ao Tribunal Constitucional e obtido a condenação do Estado português no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos", lê-se na nota..A deliberação da atribuição do prémio, no valor de 10 mil euros, "na sequência de recomendação do respetivo júri", foi obtida por unanimidade e tornada pública esta sexta-feira, dia 19, Dia do Advogado. O prémio será entregue a 18 de julho, Dia Internacional Nelson Mandela e que celebra a data do seu nascimento..Maria Clotilde Almeida é advogada desde 1988, exerce advocacia nas áreas de Direito Penal, Contencioso Civil e Bancário e Direito da Família, integrou a Comissão de Ética do Hospital de D. Estefânia entre 1999 e 2003 e o Núcleo Hospitalar de Apoio à Família e à Criança do mesmo Hospital, tendo colaborado desde 1997 em grupos de trabalho interdisciplinares sobre a promoção e protecção dos Direitos da Criança. Participa em acções de divulgação sobre a problemática dos Direitos da Criança na prática judiciária..Paula Penha Gonçalves, em parceria com Maria Clotilde Neves de Almeida, tem participado em casos complexos que levaram ao Tribunal Europeu do Direitos do Homem, como foi o caso paradigmático Soares de Melo contra Portugal, o qual terá ajudado a tornar evidente a necessidade da proteção jurídica das famílias carenciadas, designadamente tornando obrigatória a constituição de advogado aos pais, nos processos judiciais em que se prevê a retirada de filhos menores com vista à adoção, até aí não prevista na lei.