Preço da Brandia teve em conta redução do trabalho
A redução substancial (sete vezes menos) do orçamento apresentado pela Brandia, NovoDesign à Associação de Desenvolvimento do Turismo do Centro (ADTRC), para a criação da marca Lusitânea, em 2004, ficou a dever-se a uma alteração do contrato inicial, decorrente das negociações que as duas partes estabeleceram em Março de 2004, esclareceu um porta-voz da empresa.
Um relatório de auditoria promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C), citado pelo DN em 28 de Setembro, identificou a Brandia NovoDesign como uma das empresas envolvidas nas irregularidades financeiras detectadas na ADTRC, que beneficiou de fundos comunitários para a promoção do Euro 2004.
Segundo o documento oficial, o trabalho de concepção e criação da marca Lusitânea foi adjudicado à Brandia NovoDesign sem que tivesse havido concurso público - como era obri-gatório para negócios de montantes superiores a 200 mil euros - e sem que os auditores encontrassem sequer provas dos convites endereçados a outras empresas, necessários para a efectivação do negócio por consulta prévia alegado pela associação.
Os auditores não encontraram qualquer acta das negociações que pudessem explicar o facto de a Brandia ter reduzido para 267 mil euros uma proposta de 1,9 milhões de euros e não detectaram entre a documentação fornecida pela associação de Coimbra o documento da garantia bancária obrigatória, de 13 mil euros.
Rita Fragoso, da Brandia Central, em declarações ao DN, lembrou que o contrato com a ADTRC foi feito ainda pela empresa Brandia, NovoDesign, a qual em fusão com a Central de Comunicação, deu origem à actual empresa de gestão de marcas.
Em Fevereiro de 2004, e respondendo a um convite da ADTRC, explicou Rita Fragoso, a Brandia NovoDesign apresentou um projecto de desenvolvimento da identidade, comunicação e eventos para a promoção exterior da Região Centro, que teria como "alavanca" a promoção do Europeu de Futebol. A empresa de Lisboa venceu essa fase de consulta prévia, com um orçamento de 1, 998 mil euros (mais 19% de IVA).
De acordo com os documentos, não assinados e não timbrados que foram mostrados pelos responsáveis da Brandia ao DN, a primeira proposta, apresentada em 16 de Fevereiro de 2004, foi corrigida duas semanas depois (27 de Fevereiro), ainda antes da reunião negocial com três responsáveis da ADTRC, Nuno Roxo, Teresa Freitas e Fernando Matos, que ocorreu a 3 de Março. Nessa segunda proposta, a Brandia aceitou 267 mil euros (mais 19% de IVA) pela execução do projecto, mas com nuances de diferenciação em relação ao trabalho a executar.
As maiores reduções, de acordo com os documentos que a jornalista pôde consultar, verificaram-se nos itens relativos à comunicação below- -the-line (não publicidade) que passou de 1,1 milhões de euros para 53 mil euros e na comunicação above-the-line (publicidade) reduzida de 957 mil euros para menos de cem mil euros. Mas na segunda proposta estão discriminados com maior rigor os serviços que a Brandia deveria prestar, designadamente na criação dos denominados Parques Euro em 13 concelhos da Região Centro e na definição do formato de animação das zonas Péle Park, projectadas para outros 25 municípios.
A empresa manifestou ainda estranheza pelo facto de os auditores não encontrarem na ADTRC a garantia bancária feita no BPN, no valor de 13 382,93 euros, a favor da associação e válida até 31 de Dezembro de 2004, de acordo com uma fotocópia mostrada à jornalista.|