Praia da Tocha vira ~ palco de sonhos infantis

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Naquele reino, num dia quente de Verão, Francisco José Romão Salis Gomes, de entre 27 animados meninos, chega ao topo da edição deste ano da grande final das Construções na Areia. O mais famoso livro de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, serve-lhe de inspiração e na Praia da Tocha (Cantanhede), este jovem figueirense que vive em Lisboa arrebata o PC Pentium 4 com webcam, entregue pelo administrador do grupo Lusomundo Serviços, José Marquitos.

Pela terceira vez (e última), o jovem Salis de 14 anos faz da Alice a realização dos seus objectivos para chegar ao pódio. A irmã mais velha de Francisco, a estudar no segundo ano de pintura, não cabia em si de contente "Ele é muito empenhado, fez muita pesquisa para estar ao nível dos outros", conta Carolina Salis.

Começa cedo a azáfama. Com as mascotes do município de Cantanhede, o Ivo e a Iva, a dar as boas- -vindas aos participantes da prova-rainha deste evento, todos se alinham nas quadrículas de quatro metros para dar início ao concurso. São todos os finalistas, os primeiros classificados do escalão B (entre os 11 e os 14 anos) que venceram cada uma das provas ao longo do concurso, num total de 27 concorrentes. Uma hora para realizar a prova e eis que talochas, pás, baldes, espátulas, vassouras em miniatura e muita dedicação se estendem pelo areal enfarelado.

Para Tiago Joel Costa Lopes o dia de ontem é para recordar, pois sente alguma pena por deixar a competição aos 14 anos. Este avançado de futebol, benfiquista de paixão, chega à final com um vendedor de peixe que esculpiu na eliminatória da Praia do Furadouro e, em jeito de despedida, molda, agora, o pescador em descanso. O jovem natural de Ovar arrebata o segundo lugar que lhe dá direito a um computador portátil. "Sou capaz de seguir artes mas gostava de participar mais vezes...", diz em tom de lamento.

Em terceiro lugar, surge a Marília Lima Freixo, com o "bom samaritano", uma adaptação de um quadro de Vincent Van Gogh. Aos 13 anos, natural de Viana do Castelo, pela terceira vez na final, explica a temática escolhida "Gosto dos quadros dele. Já é tradição de família participar, do lado materno. Experimentei e gostei e agora é todos os anos". Já no Largo da Fonte de S. João, onde se distribuíram os prémios, Marília recebe o telemóvel pela medalha de bronze.

Mas eis que surgem as "mãos dadas" de Catarina Cavaco Pereira. Com 13 anos, natural de Beja, não abdica do seu treinador pessoal, o pai. Fala da sua escultura com grande empenho, deixando ver o seu aparelho ortodôntico "Quero aqui representar a Paz e a Amizade". A concorrente que vem da Praia de Altura é uma veterana, tendo o ano passado sido a vencedora absoluta deste evento. Desta vez leva como recordação uma aparelhagem de som e muitas histórias divertidas da saudável luta que se estabelece neste concurso. Ao seu lado, Bárbara Taraio, de 12 anos, faz o gosto às areias adormecidas da Tocha para mostrar um Cristo. É natural da Foz do Arelho e desde os 6 anos que entra nesta competição.

Chega de Viana do Castelo o concorrente que fica em sexto lugar. Pela segunda vez na final, o jovem de 13 anos molda o Astérix e Obélix, seus ídolos de banda desenhada. Queixa-se da textura da areia a que confessa não estar habituado. Passa a maior parte do tempo na natação e leva para casa um leitor de mp3.

Logo a seguir, Filipa Carrasquinho, natural da Meia Praia, com o "cavalo solidário", trabalho que lhe vale uma bicicleta. Explica porquê "este é um bom animal para ajudar as crianças deficientes". Para esta ex-praticante de patinagem artística, actividade que teve de deixar por causa dos horários escolares, o mais importante é participar.

Por fim, em oitavo lugar, surge a finalista estreante Margarida Rocha, 13 anos, natural de Viana do Castelo. Desenha uma estatueta africana, "parecida àquela que o meu pai comprou numa feira".

Sobre esta competição infantil, o administrador José Marquitos é peremptório "O DN deve orgulhar-se desta manifestação cultural fantástica. Manter, expandir e aprofundar esta tradição com uma marca com tantos anos de história é dever do DN".

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