Prabhakaran dirigiu revolta mais bem organizada no mundo desde 1972
Era adulado como um deus pelos seus partidários e visto como um megalómano sem piedade pelos seus detractores, concordando quase todos que tinha espantosas qualidades de guerrilheiro, misturando proezas tácticas, crueldade e determinação.
Prabhakaran dirigia cerca de 20.000 combatentes, organizados como umas forças armadas regulares, que incluiam um exército, uma marinha e mesmo uma força aérea e que em 2006 controlavam um terço do Sri Lanka.
Dispunha ainda de uma forte rede de recolha de fundos junto da diáspora tamil no Ocidente.
Os Tigres de Libertação da Pátria Tamil (LTTE, na sigla em inglês) começaram por uma campanha de violência baixa que conduziu a uma guerra aberta contra o governo a partir de 1983 e que causou mais de 70.000 mortos (quase 6.500 dos quais já este ano, segundo cálculos da ONU).
Praghakaran nasceu a 26 de Novembro de 1954 em Jaffna (norte), sendo o mais novo de quatro filhos de uma família da classe média.
Aos 18 anos, em 1972, cria os Novos Tigres Tamiles, transformados quatro anos mais tarde nos LTTE, para lutar contra a discriminação da minoria tamil (12,5 por cento) pela maioria cingalesa (74 por cento).
Entra na clandestinidade e em 1975 reivindica o seu primeiro assassínio político: a morte à queima-roupa do presidente da Câmara de Jaffna.
Em 1987, torna-se tristemente célebre devido aos ataques mortíferos contra o exército indiano que veio em ajuda do do Sri Lanka.
Os Tigres de Prabhakaran assassinam em Maio de 1991 o primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi e em Maio de 1993 o Presidente do Sri Lanka Ranasinghe Premadasa.
Durante duas décadas e meia de luta, Prabhakaran eliminou qualquer suspeita de dissidência no movimento, que dirigia a partir de "bunkers" e redes de túneis existentes na zona de selva agora capturada pelo exército.
"Existem três fundamentos: a pátria tamil, a nacionalidade tamil e o direito à autodeterminação dos tamiles. Estas são as reivindicações fundamentais dos tamiles", disse numa excepcional conferência de imprensa em 2001, quando o LTTE acordou um cessar-fogo com o governo.
Procurado pela INTERPOL por terrorismo, assassínio, crime organizado e conspiração terrorista, Prabhakaran era casado com Mathivathani Erambu e tinha três filhos, dois rapazes e uma rapariga.
Segundo o exército do Sri Lanka, a mulher, a filha e o filho mais novo estão fora do país, mas o primogénito, de 23 anos, que combatia como o pai, também morreu hoje.
O líder dos Tigres, que sofria de diabetes, sobreviveu, segundo os rumores, a várias tentativas de assassínio. Para evitar que o capturassem com vida trazia ao pescoço uma cápsula de cianeto.
PAL.
Lusa