Poupanças na RTP podem valer ouro à SIC

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Estrelas da RTP deixaram de ter exclusividade

Não deixa de ser mera coincidência, mas é uma espantosa ironia do destino. Quando, no início deste ano, o director de programas da RTP começou a renegociar com as estrelas da televisão pública os seus contratos, estaria longe de imaginar que essa sua, nunca assumida, dor de cabeça poderia ser uma bela oportunidade no futuro. Nuno Santos estava então a cumprir ordens da administração, no quadro do rigor das contas a que a equipa de Almerindo Marques sempre o obrigou. Uma a uma, o director chamou a maior parte das estrelas do canal, de José Carlos Malato a Merche Romero, e propôs-lhes uma nova relação laboral com a empresa. Em vez dos contratos de exclusividade que tinham até então, os apresentadores passaram a ser pagos apenas pelos projectos pelos quais davam a cara.

As negociações foram feitas na mais absoluta discrição. Aliás, só dois meses depois a imprensa as noticiou. Pegando na história pelo mesmo lado: a partir daí, as estrelas da RTP "estavam" no mercado, à mercê da concorrência. Estavam e estão. Só que agora, do outro lado da barricada, está Nuno Santos, que a partir de Janeiro assume as funções de director de programas da SIC. "É evidente que ele vai querer trazer gente para cá. E é normal que assim seja. O Nuno [Santos] sabe que a SIC tem muitos bons profissionais, mas não há que negar que nos últimos anos saíram daqui óptimos valores, que estão a dar cartas noutros canais", admite ao DN uma fonte do canal do grupo Impresa.

Outro funcionário, porém, não tem dúvidas: "Se há gente que será muito bem-vinda e bem recebida na SIC, há outros, provavelmente, que não. Há gente que se fez aqui nesta casa e que depois de ter saído cuspiu para o ar", afirma. É desse equilíbrio de sensibilidades, mais dos naturais condicionalismos financeiros a que será obrigado por Balsemão, que resultarão algumas das decisões de Nuno Santos, que se remete ao silêncio sobre esta matéria. O sucessor de Penim ainda está oficialmente em funções na RTP e não tenciona falar sobre a SIC publicamente enquanto tiver a camisola da televisão pública vestida. No entanto, na sua cabeça, não devem faltar ideias.

No lote das estrelas que Nuno Santos gostaria de levar para a SIC, há três que se destacam: Catarina Furtado, José Carlos Malato e Daniel Oliveira. Três amigos e, acima de tudo, três profissionais que já deram provas da sua capacidade de trabalho, mobilização de pessoas e audiências, e versatilidade. Curiosamente, três figuras que cresceram profissionalmente na SIC e que nunca fecharam a porta a um eventual regresso a Carnaxide.

Outro caso bem diferente, e de solução aparentemente mais fácil, é a do Gato Fedorento, quarteto que protagonizou em 2005 a maior transferência do mercado televisivo, ao trocar a SIC pela RTP, numa rábula ainda hoje não completamente explicada. O contrato do grupo de Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela, Miguel Góis e Tiago Dores termina no final deste mês, com o epílogo da segunda série de Diz Que É Uma Espécie de Magazine, um formato vencedor, que consegue frequentemente ser o programa mais visto dos domingos.

O grupo já anunciou que pretende fazer de 2008 um ano sabático, pelo menos durante os primeiros nove meses. As últimas novidades podem fazer alterar os planos dos 'Gatos'. Assim Nuno Santos consiga convencê-los.

Outro caso que a substituição de Penim por Santos pode ajudar a clarificar é a relação da SIC com Herman José. O humorista já anunciou ter apresentado uma proposta à estação e nunca escondeu a sua admiração (que é recíproca, aliás...) por Nuno Santos. E o novo director não deverá querer perder uma das suas últimas jóias da coroa...

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