Possível sucursal da OGMA na Índia após visita para fazer avançar cooperação -- ministro Defesa

Lisboa, 17 abr 2019 (Lusa) -- A possível abertura de uma sucursal da OGMA -- Indústria Aeronáutica de Portugal na Índia será analisada e poderá ser uma realidade no futuro, disse hoje à Lusa o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, em visita ao território indiano.
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Em declarações à Lusa, via telefone a partir de Nova Deli, João Gomes Cravinho referiu que "houve um pedido da parte indiana" para ser pensada a possibilidade de a OGMA instalar naquele país uma sucursal, o que "abriria um mercado tremendo".

"Tanto do ponto de vista militar como civil, há aqui um mercado em enorme expansão, em rápida expansão. A OGMA tem competências que interessam muito aos indianos", disse o ministro da Defesa Nacional, que se deslocou à Índia para uma reunião com a sua homóloga indiana, Nirmala Sitharaman, com o objetivo de reforçar a cooperação entre Lisboa e Nova Deli no domínio da defesa, nomeadamente nas áreas de treino e das indústrias.

À Lusa, João Gomes Cravinho indicou ter havido contactos com a OGMA e que a empresa manifestou interesse em tal possibilidade.

"A OGMA virá aqui a Nova Deli num prazo próximo para explorar de forma muito mais detalhada como é que isso poderia funcionar", indicou João Gomes Cravinho, que entre 2011 e 2015 foi o Embaixador da União Europeia (UE) na Índia.

Esta deslocação do ministro da Defesa Nacional ao território indiano acontece mais de um ano depois da visita realizada pelo primeiro-ministro, António Costa, ao país, em janeiro de 2017.

Na altura, os então ministros da Defesa dos dois países assinaram um memorando de entendimento.

"Não se registou ainda um avanço muito substancial. O que eu queria fazer com esta visita era pegar nas múltiplas oportunidades que existem e colocar no plano político com a ministra da Defesa (...) e explorar com ela quais são as áreas em que melhor podemos trabalhar juntos", declarou.

Após uma reunião que classificou como "prática e muito produtiva", João Gomes Cravinho avançou que os dois países irão estabelecer, até outubro, uma comissão mista, focada nas áreas das indústrias de defesa, que fará "um mapeamento das possibilidades" e dará apoio aos contactos e aos desenvolvimentos entretanto conseguidos.

Segundo o ministro, a homóloga indiana também manifestou interesse nos navios de patrulha oceânicos, que Portugal produz em Viana do Castelo, e em lanchas mais pequenas, desenvolvidas nos estaleiros de Peniche.

Outra área de potencial cooperação entre os dois países ao nível das indústrias de defesa está relacionada com fardamentos e capacetes, área na qual as empresas portuguesas estão a utilizar novas tecnologias (nanotecnologia).

Ainda sobre os contactos estabelecidos na Índia, o ministro referiu a ambição do governo indiano de construir um Museu da Marinha num porto histórico na região oeste do país, um projeto "muito ambicioso" e com "grandes investimentos", na ordem dos 75 milhões de dólares (66,3 milhões de euros), para o qual pediu apoio técnico a Portugal, pedido que foi recebido "obviamente com abertura".

Questionado pela Lusa sobre uma eventual utilização de militares para assegurar a condução de camiões de transportes de combustíveis, face aos impactos da greve dos motoristas de matérias perigosas, o ministro escusou a comentar tal matéria.

"É um assunto que está sob a alçada, que está a ser liderada pelo ministro da Economia e que está a encontrar as respostas necessárias face à situação", disse apenas João Gomes Cravinho.

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