Portugueses procuram menos consultas anti-tabaco

Depois da corrida para abandonar o tabaco, durante 2008, os número de vendas de produtos para deixar este hábito baixou. Os médicos falam numa estabilização da procura, depois da aplicação da lei do tabaco no início do ano passado.
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O número de pessoas que procuram ajuda para deixar de fumar baixou. Mas ainda são cerca de 30 a 40 aqueles que todos os meses entram nos consultórios de alguns médicos ouvidos pelo DN, para dar início ao processo de libertação do tabaco.

A grande afluência foi no início de 2008, quando entrou em vigor a lei do tabaco, e a partir daí as vendas de produtos para deixar de fumar têm vindo a cair. Só nos primeiros três meses de 2008, venderam-se 85 954 embalagens des- tes medicamentos, por oposição às 51 702 vendidas no mesmo período deste ano.

"Por várias razões houve um pico de procura no início do ano passado", reconhece o médico e presidente da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, Luís Rebelo. Mas a diminuição não quer dizer que menos pessoas estejam a tentar deixar de fumar, é apenas uma "fase de estabilização", entende Teles Araújo, presidente do Observatório Nacional da Doenças Respiratórias. Aliás, a pneumologista Cecília Pardal sustenta que os números de procura das consultas "voltaram aos níveis de procura nos anos anteriores à entrada em vigor da lei".

A responsável pela consulta antitabágica do Hospital Amadora-Sintra revela ainda que a consulta "já teve lista de espera de dois anos e agora é de dois ou três meses". Cecília Pardal adianta ainda que são cerca de 40 as pessoas que recebe por mês para uma primeira consulta.

Também Luís Rebelo aconselha cerca de 30 pessoas mensalmente, na sua consulta. O médico do centro de saúde de Alvalade, em Lisboa, reconhece que "o impacto da lei justificou muita procura", bem como "a psicologia da mudança de ano".

Outra justificação para deixar de fumar que os médicos ouvem actualmente é o factor crise. "Uma das novas razões que nos apresentam é a falta de dinheiro", aponta Luís Rebelo. Basta pensar que um fumador pode gastar 150 euros por mês com o vício, lembra o especialista. As alterações do preço do tabaco também se reflectem na procura para a consulta de Cecília Pardal. "Quando há uma subida do preço do tabaco há logo uma procura para deixar de fumar", reconhece a pneumologista.

Além das questões de saúde e do dinheiro, também a pressão social está a levar muitos portugueses às consultas de cessação tabágica. "A pressão social começa agora a funcionar ao contrário. Os não fumadores tornaram-se mais agressivos, no bom sentido", admite Teles Araújo. A proibição de fumar no local de trabalho também leva os fumadores a "sentirem-se isolados", explica Luís Rebelo.

Um fumador é considerado livre do vício apenas um ano depois de iniciar o processo para deixar o vício e, por isso, é este o tempo médio de duração das consultas de cessação tabágica. Mas os especialistas alertam para o risco de recaída dos pacientes, principalmente durante os primeiros três meses. "Contamos com uma recaída por causa da dependência à nicotina", reconhece Cecília Pardal.

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