Portugueses ainda não sabem escolher os alimentos
Num debate promovido no âmbito das novas tendências de alimentação, o secretário de Estado da Saúde relembra algumas das medidas que o Ministério da Saúde tem tomado de forma a aumentar a saúde pública, mas afirma que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) precisa de se adaptar e tornar-se mais sustentável.
"Temos um dos serviços nacionais de saúde com mais custos e com resultados cada vez melhores nos campos da natalidade e rastreio de doenças", garante o secretário de Estado. "A questão que se coloca é saber se temos orçamento para manter esta excelência na saúde. Como a maioria do dinheiro gasto na saúde é em tratamentos, a melhor forma de reduzir os gastos é apostar na prevenção", assegura.
"A nossa forma de ter sustentabilidade no futuro é se atacarmos as principais fontes de doença, não temos orçamento para manter estes serviços, temos de mudar a forma de ter um SNS sustentável e garantir que as pessoas possam viver mais tempo, e com mais saúde", defende Fernando Araújo.
A alimentação saudável é ainda um dos programas do SNS, com medidas como a inclusão de menus vegetarianos nas escolas, a promoção da distribuição de fruta gratuita nas escolas, a alteração dos produtos disponíveis nas máquinas de vending, que inesperadamente provocou um aumento das vendas, entre outras medidas.
O painel "Das novas tendências de alimentação" contou ainda com a presença de outros oradores e a questão mais debatida foi a falta de literacia alimentar. Dulce Ricardo, da DECO, acredita que o consumidor ainda não sabe ler o rótulo e que, por este motivo, não sabe fazer escolhas adequadas de alimentos. Também Nuno Queirós Ribeiro, chefe de cozinha, defende que "a falta de informação alimentar não pode continuar a existir", e que o combate ao vício dos açucares tem de ser estipulado desde criança, em casa e nas escolas que também servem muita comida processada. "Quem recorre ao centro de saúde com doenças de obesidade são essencialmente pessoas com poucos estudos e com baixos salários, e que por isso também não têm muito dinheiro para se tratarem, tornando-se assim um ciclo vicioso", defende Pedro Graça, nutricionista na Direção-Geral de Saúde, que garante que é necessário mudar esse paradigma.
A questão do consumo excessivo de açúcar, sal, comidas processadas e refrigerantes foi mais um dos temas debatidos, com a maioria dos oradores a defender que a má alimentação ainda se deve em grande parte à falta de informação.
Até dia 6 de junho é possível visitar os pavilhões da FIL e encontrar alimentos inovadores, saudáveis e que proporcionam bem-estar ao consumidor.