Portuguesa: Situação em Christchurch é "indescritível"

Uma portuguesa residente em Christchurch disse hoje ter vivido momentos "indescritíveis" durante e depois do sismo que atingiu aquela cidade da Nova Zelândia na terça-feira, tendo passado várias horas sem conseguir chegar à escola dos filhos.
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"Nunca tinha sentido nada assim. Ver na televisão é uma coisa, mas estar no meio é outra. É indescritível", contou à Lusa Elia Ribeiro, contactada telefonicamente em Christchurch, onde vive com o marido, hispano-australiano, e os quatro filhos (três rapazes de 15, 11 e 8 anos e uma menina de dois anos). O marido estava na altura do sismo em viagem de trabalho na Austrália.

A portuguesa, de 36 anos, que se mudou da cidade australiana de Sidney para Christchurch apenas a 28 de Dezembro do ano passado, contou à Lusa que quando o sismo ocorreu estava com a filha mais nova num centro comercial. "Não sei como aquilo não caiu tudo em cima de nós. Caiu tudo à minha volta. Vidros partidos e outras coisas. Só não caiu em cima de nós. Tinha um anjo à minha volta", disse. "Ficámos sem saber o que fazer. E quando aquilo parou e saímos estava tudo partido cá fora. O cimento partido. Havia água por todo o lado. Ficou tudo inundado em 10 minutos. A água chegava à porta do carro", recordou.

Com a filha, e depois de ter ficado "meia hora a tremer", meteu-se no carro e foi recolher o filho mais velho à escola "ali a cinco minutos de distância", onde "felizmente não havia feridos". Chegar à escola dos dois rapazes mais novos foi bastante mais complicado, com estradas cortadas, um "caos" no centro, muita água pelas ruas e as dificuldades no acesso. Sem comunicações, só conseguiu ver os filhos "quase às 6 da tarde", várias horas depois do sismo.

"O sismo foi às 12:12 [hora local]. Estive ali meia hora a tremer e depois não parei. Fui à escola do mais velho. Mas só consegui chegar às 6 à escola dos mais pequenos. Estavam capazes de morrer", disse. "Felizmente, aconteceu na hora de almoço. Os miúdos estavam todos cá fora a brincar. Caíram alguns vidros e há alguns edifícios danificados mas felizmente não aconteceu nada de grave a ninguém ali", explicou.

Quase 24 horas depois do sismo, e ainda sem luz, Elia Ribeiro disse que passou a noite "com muita preocupação", na sala de casa com os filhos. "Dormimos todos juntos na sala. Foi uma noite terrível porque durante a noite sentiram-se muitos abanões", disse, explicando que na sua zona várias casas, as mais antigas, foram parcialmente destruídas. "A cidade continua sem luz. O telefone fixo não funciona e o móvel vai funcionando, mas porque o carrego no carro. Os vizinhos já vieram saber de mim. Há muita solidariedade por aqui", acrescentou.

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