Portuguesa dá volta ao Mundo em carrinha a óleo vegetal
"A nossa motivação é a urgência em ser-se sustentável. Sempre viajámos, mas queríamos passar a fazê-lo de uma maneira simbiótica. Aprendendo também sobre permacultura e agricultura biológica", explica à Lusa Rita Bragança, freelancer em produção de cinema, publicidade e eventos.
A carrinha com 29 anos com que viajam será movida a óleo de origem vegetal em estado puro (sem adição de diluentes), que devolve à atmosfera apenas os gases que foram absorvidos pela planta, ou seja, apenas C02.
"O óleo é reciclado (filtrado de água e resíduos depois de já ter servido para fritar alimentos), prevenindo a desflorestação. Este biocombustível polui menos o ar e ainda impede que o óleo usado seja depositado no meio ambiente - diretamente ou através de esgotos caseiros -, contaminando o solo", explica.
A viajante de 29 anos diz que o trabalho nas quintas orgânicas vai "ajudar a contribuir para a consciencialização da necessidade atual de sustentabilidade e ecologia, enquanto se promove o desenvolvimento sustentável da região/comunidade".
Esta experiência vai ser a ferramenta que vai permitir à dupla criar a "própria quinta biológica e partilhar o conhecimento entretanto obtido".
A ideia é "dar a volta ao mundo na condição de eco viajantes e aprendizes de agricultura biológica, unindo quintas orgânicas do programa WWOOF (World Wide Oportunities on Organic Farms) por todo o mundo, projeto que os viajantes julgam serem pioneiros a nível internacional.
"Em cada quilómetro dos cerca de 50 países que esperamos atravessar e das 15 quintas orgânicas onde vamos trabalhar (de três a seis semanas), esperamos adquirir conhecimento. Esta é uma oportunidade de aprendizagem, cada estadia numa quinta um acesso privilegiado a conhecimentos e valores que caíram em desuso e que é necessário recuperar", acrescenta Leandro Fans, chefe de cozinha de 34 anos.
Segundo o uruguaio que vive em Lisboa há 12 anos, "as principais dificuldades serão gerir um orçamento que quase que não existe, bem como as burocracias".
"O que impede a preparação tranquila da viagem é saber que vamos ter muitas dificuldades em cumprir os requisitos necessários para termos o documento necessário para a entrada da carrinha em países como a Índia, Bangladesh, Austrália, Indonésia e praticamente todos os países africanos", explica.
A ideia inicial é dedicar dois anos a esta experiência, mas o casal admite a possibilidade a prolongar o período.