Portugal vive três páscoas diferentes

Publicado a
Atualizado a

Católicos, evangélicos, ortodoxos e judeus iniciam hoje a preparação para as festividades da Páscoa, que, no caso dos cristãos ortodoxos, só será celebrada no sábado, dia 18. Se para os judeus esta será a primeira noite da celebração da Páscoa, que marca a fuga dos judeus do Egipto, a grande maioria dos católicos portugueses só a celebra realmente no domingo. Mesmo que hoje, segundo o ritual, se deva evocar a última ceia de Jesus e os discípulos, com os sacerdotes a lavarem simbolicamente o pé direito de 12 fiéis, repetindo o gesto de Jesus naquele dia.

Amanhã, de acordo com o ritual da Sexta- -Feira Santa, os altares das igrejas católicas ficam desnudados para lembrar a morte de Cristo na cruz, não se comendo carne. Em algumas localidades do Minho há o costume de encerrar o Santíssimo num caixão para ser levado em procissão. Já no sábado à noite, a vigília assinala a passagem do jejum para a festa.

Ao contrário dos católicos, a comunidade evangélica portuguesa, que conta com cerca de 250 mil pessoas registadas, não rodeia esta semana de nenhum jejum. "A paixão e morte de Cristo são motivo de reflexão para nós. Não é com tristeza que vivemos este período, pois o sofrimento de Cristo conduziu à ressurreição, à vida nova, ao triunfo sobre a morte e é isso que festejamos", disse o pastor Samuel Pinheiro, secretário da Aliança Evangélica Portuguesa. Por isso, os evangélicos "representam sempre a cruz vazia, sem o crucificado, tal como o sepulcro está vazio, uma vez que se deu a ressurreição", acrescentou. A principal diferença relativamente à Igreja Católica reside no facto de os evangélicos considerarem que só há um único mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo. Há reconhecimento, respeito e admiração por Maria, mãe de Cristo, como modelo de vida e de virtudes, mas só Jesus é o mediador. Esta comunidade está organizada em Portugal desde 1921, podendo rondar perto de 500 mil pessoas.

Para os ortodoxos, o ponto alto da celebração é a noite de sábado (18 de Abril), em que se deu a ressurreição, com um cântico que se prolonga pela madrugada, não havendo liturgia no domingo. Sendo uma festividade mais importante do que o Natal, na Quaresma os ortodoxos não consomem carne ou derivados, ovos, lacticínios e vinho, o qual é permitido ao domingo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt