Portugal vai crescer menos do que se esperava. Será a 39.ª economia mais fraca do globo

"Atividade deve desacelerar" de 1,4% em 2016 para 1,3% em 2017. Exportações vão crescer menos do que se previa em 1 de abril
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Em 190 países, Portugal terá neste ano o 39.º crescimento económico mais fraco do globo (com uma expansão de 1,4%). No ano que vem cai para 20.º neste ranking, no final da legislatura baixa para 11.º e no fim do horizonte de previsão, em 2021, surge com o 9.º pior registo, não crescendo mais do que 1,2% em termos reais.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou ontem os números da equipa de missão que avalia o país, divulgados a 1 de abril. "A atividade deve desacelerar em Portugal" de 1,4% em 2016 para 1,3% em 2017, reafirmou a instituição no novo estudo sobre as perspetivas económicas mundiais (World Economic Outlook).

O FMI constata que a situação está pior, o crescimento tarda em reanimar. A zona euro é um dos territórios mais bloqueados e em termos de dinâmica Portugal é dos que mais se evidenciam pela negativa. Claro que Portugal, que exporta 70% a 80% do total para os parceiros europeus e deles depende no investimento, ressente-se da crescente fragilidade das economias estrangeiras (ver texto na pág. 17).

Portanto, a economia portuguesa recupera de um longo e duro ajustamento, mas já está a desacelerar outra vez. E no longo prazo o seu potencial é um dos mais reduzidos do mundo avançado. Segundo a nova pesquisa do FMI, a taxa de investimento medida em proporção do PIB é, também ela, uma das mais baixas do mundo (14,5%, a 20.ª mais fraca num grupo de 175 países para o qual há informação). Embora este Outlook da primavera não dedique qualquer capítulo a Portugal, as projeções para a economia nacional falam por si.

No resto do cenário macro, os números do novo estudo repetem os da missão exceto na parte do comércio externo, em que surge agora pior. A taxa de desemprego baixa para 11,6% da população ativa em 2016 e 11,1% em 2017. A inflação acelera um pouco, mas sempre em níveis anémicos. Passa de 0,7% em 2016 para 1,2% em 2017.

A posição externa favorável continua a dissipar-se à medida que a economia vai importando mais e dependendo mais de rendimentos e de capitais estrangeiros para se renovar. O saldo da balança corrente cairá de 0,9% do PIB neste ano para apenas 0,4% no próximo.

No Orçamento do Estado de 2016, o governo prevê um acréscimo de 4,3% nas exportações; o FMI vê agora 3,9%. E passaram apenas dois meses desde que o OE foi apresentado. O próprio FMI está mais apreensivo. Na terceira avaliação ao país, no início deste mês, a missão previa que as exportações portuguesas avançassem 4,2% neste ano.

Nas contas públicas, o FMI reitera os números da equipa chefiada por Subir Lall: o défice será de 2,9% nos dois anos da previsão (2016 e 2017); a dívida pública recua apenas ligeiramente, de 127,9% para 127,3%, nos dois anos em causa. Para o governo, o OE consegue entregar um défice de 2,2% neste ano.

Espanha, França, Alemanha

Na zona euro, há mais casos problemáticos de perda de força conjuntural. A Espanha, o maior parceiro económico de Portugal e uma das economias de referência da moeda única, está nessa situação, com o FMI a prever um abrandamento de 2,6% neste ano para 2,3% no próximo.

A Alemanha, a maior economia do euro e parceira de referência de Portugal, em vez de crescer 1,7% neste ano e no próximo, ganha 1,5% e 1,6%, respetivamente. A França e a Itália também perdem gás face ao esperado em janeiro.

A Irlanda, o caso de sucesso por excelência segundo a troika, expandiu-se 8% no ano passado, mas agora a projeção do FMI aponta para 5% para este ano e 3,6% em 2017.

Em suma, Portugal continua a divergir lentamente da zona euro já que a economia nacional cresce a um ritmo menor do que a da zona euro, que, apesar das vicissitudes, se expande-se 1,5% neste ano e 1,6% no próximo.

A missão que avalia Portugal deixou claro, por exemplo, que um dos maiores bloqueios são as empresas atoladas em dívidas e os bancos em malparado: "É preciso uma abordagem mais ambiciosa de resolução da dívida empresarial. Uma parcela substancial dos ativos do sistema bancário continua vinculada a atividades de baixa produtividade, o que limita o potencial de crescimento da economia."

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