Portugal quer mais 70% de receitas turísticas até 2027

A turismofobia não existe, garante Rui Moreira. Luís Araújo acredita que é preciso sensibilizar para a importância do setor.
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O debate está ao rubro em torno do impacto nas cidades do crescimento do turismo. Mas Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, acredita que é tudo uma questão de "sensibilização" da população para a importância económica do setor. Até porque as metas definidas para 2027 apontam para 80 mil dormidas de estrangeiros no país, a gerarem uma receita anual de 26 mil milhões de euros. Números que representam um aumento de 50% face ao número de dormidas atuais e de mais de 70% nas receitas. "Gostava que, de uma vez por todas se percebesse, esta atividade fosse reconhecida como criadora de riqueza em vez de ser alvo de ataques sobre a canibalização e a desertificação das cidades."

Luís Araújo falava na QSP Summit, que decorreu ontem na Exponor, em Matosinhos, no painel Turismo: Ameaça ou Oportunidade, que teve como interveniente o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. O autarca de Lisboa, Fernando Medina, estava previsto no programa, mas não pôde comparecer. Como evitar a turismofobia foi a grande questão a que ambos foram convidados a responder. Rui Moreira garante que "em Portugal ainda há poucos [cidadãos] zangados com o turismo", mas reconhece que é preciso garantir que o impacto positivo da atividade "chega ao maior número de pessoas", ao contrário dos inconvenientes. E cabe ao poder político, designadamente autárquico, diminuir a "pegada turística" percecionada pelos moradores.

No Porto, a taxa turística foi criada, precisamente, para "garantir que aqueles que nos visitam pagam a sua quota-parte na sobrecarga das infraestruturas da cidade", designadamente ao nível da recolha de lixo, etc. Rui Moreira recusa a teoria de que o crescimento do turismo está a tirar os portugueses dos centros das cidades, e lembra que 55% a 57% das casas que estão a servir para alojamento local eram habitações abandonadas. "A ideia de que o alojamento local expulsa os cidadãos é mentira", defende. O crescimento do turismo permitiu a reabilitação da cidade - em 2001, 80% dos edifícios do centro histórico estavam em ruínas -, mas também combater o desemprego.

O que levanta a questão sobre a falta de mão-de-obra. O presidente do Turismo de Portugal admite que este é "um dos grandes desafios" para o futuro, sublinhando que, só o ano passado, foram criados 55 mil novos postos de trabalho no turismo. Uma área que, no passado, era vista como uma "carreira de segunda, mal paga", mas que hoje apresenta "perspetivas de ascensão muito mais rápidas" do que qualquer outra. Questionado sobre as taxas para turistas, foi cauteloso, lembrando que "temos de ter atenção a tudo o que nos faz menos competitivos", desde as acessibilidades aéreas aos custos.

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