Portugal prepara tropas para missão de dissuasão da NATO
As autoridades portuguesas estiveram alinhadas, como não podia deixar de ser, no advérbio para acentuar a condenação da operação militar da Rússia na Ucrânia e o escolhido foi "veementemente".
"O Presidente da República, em consonância com o Governo, condena veementemente a flagrante violação do Direito Internacional pela Federação Russa e apoia a declaração do secretário-geral das Nações Unidas António Guterres, expressando total solidariedade com o Estado e o povo da Ucrânia", escreveu Marcelo Rebelo de Sousa numa nota publicada logo pela manhã no site oficial da Presidência.
E após uma reunião com a embaixadora da Ucrânia em Belém, o Presidente voltou a reiterar a solidariedade portuguesa com o povo da ucraniano e prometeu toda a atenção aos emigrantes portugueses naquele país e aos turistas ucranianos que se encontram em Portugal. "Acompanhamos a situação dos emigrantes portugueses que já saíram ou estão a sair do território ucraniano, sendo que a grande maioria tem dupla nacionalidade. O Governo português está também a acompanhar a situação de turistas ucranianos que se encontram em Portugal e não podem regressar."
Esta preocupação tinha já sido manifestada pelo primeiro-ministro que, em conferência de imprensa, deu conta dos números dos envolvidos em eventuais operações de evacuação. "Portugueses e luso-ucranianos que vivem na Ucrânia, uns já vieram para Portugal e 102 estão identificados. Temos previsto plano de evacuação que passa pelo recurso a países vizinhos", disse António Costa.
O chefe do governo quis também dar uma palavra de conforto aos que eventualmente escolham Portugal como destino, ao considerar que os cidadãos ucranianos que tenham cá familiares, amigos e conhecidos "são bem-vindos". "Acolher refugiados e assegurar-lhes novas oportunidades de vida. É um dever nosso. A nossa fronteira é extensa", sublinhou.
Num debate na Comissão Permanente da Assembleia da República, o ministro dos Negócios Estrangeiros condenou "sem ses, nem mas", a "invasão militar" da Rússia a um Estado independente e lamentou as "dezenas e dezenas" de vidas já perdidas neste conflito.
Augusto Santos Silva voltou a condenar veementemente o ataque russo e disse que esta é "a maior crise de segurança por que a Europa passa deste a II Guerra Mundial". "Lamento com consternação pelas vidas que já foram perdidas", manifestou Santos Silva, adiantando que já há informação de "dezenas e dezenas de pessoas que perderam a vida".
O titular da pasta da diplomacia anunciou que foram mobilizados meios para retirar por meios terrestres, já que o espaço aéreo está vedado, os mais de 200 portugueses e luso -ucranianos que ainda estão naquele países do Leste europeu.
Já o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que classificou o ataque como "o maior ataque à paz e à estabilidade na Europa em décadas".
Os partidos condenaram o ataque, com o líder do PSD a defender no Twitter primeiro e depois no Parlamento que o ataque russo à Ucrânia deve acarretar "fortes punições".
O PCP foi a nota dissonante, uma vez mais, na condenação à Rússia. Os comunistas preferiram dizer que a "guerra não é solução" e pediram que o governo contrarie a "escalada de confrontação política" impedindo o envolvimento de militares portugueses.
Ora o Conselho Superior de Defesa Nacional deu ontem, por unanimidade, parecer favorável às propostas do Governo para a participação das Forças Armadas Portuguesas no âmbito da NATO.
Em causa estão a "ativação da Very high readiness Joint Task Force (VJTF) e das Initial Follow-On Forces Group (IFFG) para eventual empenhamento nos planos de Resposta Graduada da NATO" e uma "eventual antecipação do segundo para o primeiro semestre de projeção de uma companhia do Exército para a Roménia".
O Conselho Superior de Defesa Nacional reuniu em sessão extraordinária, sob a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, e contou com a presença do Primeiro-ministro e do representante da Assembleia da República do principal partido da oposição. Com Lusa