Portugal prepara exposição sobre Menino do Lapedo para apresentar na Croácia
A exposição resulta de uma colaboração entre o Museu de Leiria, Museu Nacional de Arqueologia, Ministério da Cultura e embaixada de Portugal na Croácia, explicou hoje o vereador da Cultura da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes.
A oportunidade surgiu quando, em 2017, o Museu de Leiria se candidatou a Melhor Museu Europeu do Ano.
"Fomos à Zagreb defender a nossa proposta e o diretor e o Museu Nacional de Arqueologia da Croácia, que tem tesouros de todo o mundo, disse que, de Portugal, conhecia a história do Menino do Lapedo", recorda o autarca.
Além do Prémio Silleto, que distingue museus que demonstram excelência no envolvimento da comunidade local no planeamento e desenvolvimento de projetos, o Museu de Leiria trouxe na bagagem o embrião da exposição que está em preparação.
"Este é um exemplo de como a nossa história e a nossa cultura se pode estender pela Europa", afirma o vereador, lembrando que "há um reconhecimento, no universo da arqueologia mundial, para a importância deste achado. Para os peritos, o Menino do Lapedo é 'top'".
Para Gonçalo Lopes, o caso do Menino do Lapedo, encontrado no Abrigo do Lagar Velho, no vale do Lapedo, em Santa Eufémia, é "uma área em que faz sentido melhorar e intervir, mas é preciso ter um conjunto de condições no espaço para melhorá-lo".
Contudo, o centro de interpretação ali existente, inaugurado em 2008, está encerrado praticamente todo o ano, limitando as visitas ao local.
Segundo o vereador, tal acontece "por questões de acessibilidade e segurança", o que leva o município a "contar a história do Menino do Lapedo num espaço próprio no Museu de Leiria".
"O que faz sentido, para além da valorização do Lapedo, é reforçar, através dos especialistas, a importância do achado em contextos mundiais, em revistas da especialidade e junto das crianças de Leiria que ainda não conhecem essa parte da nossa história. É um dos protagonistas da história de Leiria", sublinha o responsável.
O Menino do Lapedo, encontrado em dezembro de 1998, foi a primeira sepultura do Paleolítico Superior descoberta na Península Ibérica.
A maior parte do esqueleto, com 29 mil anos, foi encontrada na posição original, tal como foi sepultado, com vestígios de ritualização.
O facto de apresentar traços tanto de 'neandertal' como de 'homo sapiens', levanta a possibilidade de se estar perante um híbrido, num caso que ainda hoje gera discussão entre a comunidade científica e que continua a ser estudado.