Portugal precisa de e merece boas notícias
O país precisa de boas notícias. À PSA Mangualde, perto de Viseu, vai chegar um novo modelo de automóvel da Fiat e os elétricos deverão ser ali fabricados até 2030. Em tempo de crise pós-pandemia e em cenário de guerra na Europa, esta boa-nova tem vários sabores: o investimento, o emprego, a inovação, a reputação da marca Portugal, a exportação e a criação de riqueza. A entrada de um novo modelo na PSA Mangualde é muito mais do que uma simples notícia económica, é um sinal político importante na captação de investimento direto estrangeiro, mostrando que Portugal continua a merecer a confiança dos grandes investidores internacionais (apesar do excesso de burocracia, altos impostos e justiça lenta), que tem mão de obra qualificada (ainda que cada vez mais escassa) e que, para alguns negócios, pode ser ainda uma nação competitiva. Basta que o país e as empresas sejam bem geridos e aproveitem o melhor do enquadramento geoeconómico e político em que se encontram e do talento de que dispõem.
Nas celebrações dos 60 anos da fábrica portuguesa, o anúncio da chegada de um novo automóvel à linha de produção já em outubro foi a cereja no topo do bolo de aniversário. O evento contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que ali condecorou um dos mais antigos trabalhadores fabris com a insígnia da Ordem de Mérito. "Quero condecorar todas aquelas e todos aqueles que nestes 60 anos fizeram desta fábrica o que ela é", sublinhou. Uma forma simbólica de reconhecer a importância do saber fazer, do talento, da fidelidade e da dedicação de recursos humanos que fazem a diferença nas organizações.
Carlos Tavares, o reputado português que é CEO da Stellantis (grupo automóvel que junta marcas como a Citroën, a Peugeot, a Opel ou a Fiat, entre outras) garantiu querer "continuar a liderar o mercado de veículos comerciais e agora, ao acrescentarmos o Fiat Doblo [o novo modelo] ao portefólio, alcançaremos uma maior eficiência, melhoraremos a nossa competitividade e ofereceremos o melhor aos nossos clientes profissionais". Carlos Tavares trouxe investimento e confiança a um setor que tem sofrido uma contração gigantesca pela falta de semicondutores, pela escassez de matérias-primas ou preços proibitivos e pela forte quebra nas vendas diretas ao consumidor.
De confiança e estabilidade é também o que precisa a Educação em Portugal para que volte a funcionar melhor enquanto elevador social. Nesta edição, vale a pena ler e partilhar com a família o ranking das melhores escolas portuguesas para perceber de que matéria são feitos os casos de sucesso e como preparam os nossos jovens para os anos vindouros. Sem Educação de qualidade não há país de futuro.
P. S. Como aqui escrevi ontem, o primeiro-ministro Boris Johnson não resistiu, acabou mesmo por cair. Não há esquemas, escândalos, mentiras ou omissões que durem para sempre. E volto a recordar o que aqui trouxe na anterior edição: num contexto de insegurança na Europa, Londres tem um papel central na posição e na defesa do Velho Continente. É por isso importante acompanhar para onde caminha o poder da Downing Street. É que, apesar de tantas vezes desvalorizadas, as lideranças não são todas iguais, não são todas equilibradas, consistentes e decentes. Não será indiferente à Europa e ao mundo quem será o senhor ou a senhora que se segue.