Portugal poderá ter 2 milhões de obesos em 2023 e gastar milhões de euros para combater a doença

As estimativas para 2032 apontam que Portugal ver subir os gastos totais da saúde para 32,8 mil milhões de euros por causa do aumento de casos de obesidade.
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O número de pessoas com excesso de peso ou obesas tem vindo a aumentar um pouco por todo o mundo, o que leva a aumentos significativos dos gastos dos sistemas de saúde para combater e tratar as doenças associadas ao excesso de peso. A Allianz Trade, acionista da COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, admite que, num cenário modesto, Portugal pode ter dois milhões de pessoas obesas no próximo ano.

Estima-se uma subida da despesa total de saúde em Portugal - que inclui os gastos do governo e dos privados - para os 23 mil milhões de euros em 2023, o que corresponde a 9,8% do produto interno bruto (PIB). Desse montante, cerca de 1,4 mil milhões de euros serão gastos devido à obesidade.

As estimativas para 2032 apontam, num cenário moderado, que Portugal poderá contar com 2,1 milhões de pessoas com obesidade, elevando os gastos totais da saúde para 32,8 mil milhões de euros, o que representará 10,4% do PIB português. Deste valor global, 2,1 mil milhões de euros serão para o tratamento da obesidade ou doenças associadas.

Num estudo recente, a Allianz Trade, antecipa a possibilidade de, em 2032, a população mundial contar com mil milhões de pessoas que sofrem de obesidade. Em 2016, os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicavam que, entre a população mundial, cerca de 650 milhões de pessoas era obesa.

Em 2032, os gastos mundiais com obesidade podem ascender a 1,2 biliões de euros, o que equivale a mais de 8% do total de custos com saúde, e resultará num acumulado total de 9 biliões de euros no espaço de uma década.

O aumento da obesidade é já uma tendência crescente, mas os confinamentos decretados no auge da pandemia de covid-19 aceleraram a tendência, para a qual também vai contribuir a subida da inflação.

"As mudanças climáticas e a urbanização podem também fazer aumentar a obesidade no futuro, uma vez que a subida das temperaturas no exterior desencoraja a prática de atividades físicas ao ar livre. Além disso, as condições climatéricas extremas podem levar a uma subida dos preços dos vegetais e da fruta, o que fará com que uma dieta saudável e equilibrada fique fora do alcance de mais pessoas", afirma Michaela Grimm, economista-sénior da Allianz Trade.

As pessoas com excesso de peso e obesidade estão expostas a um risco mais elevado de contrair doenças como diabetes de tipo 2, doenças cardíacas, ataques e até alguns tipos de cancro. Mas, se para um indivíduo a obesidade significa menor qualidade de vida, para a sociedade como um todo representa um aumento da despesa dos sistemas de saúde, mas também tem efeitos indiretos que passam por uma menor produtividade das pessoas, devido às doenças.

A Allianz Trade, no seu estudo, estima que esses custos podem, num cenário de subida acentuada do número de casos, representar 1,2 biliões de euros em 2032, ou 8% do total das despesas da saúde.

A empresa de seguros de crédito estabeleceu três cenários relativos à evolução dos custos que um aumento da obesidade pode representar para a despesa mundial com saúde:

No cenário base, os gastos totais da saúde aumentariam de 7,2 mil milhões de euros em 2019 para 14,2 biliões de euros em 2032. Destes, 949 mil milhões de euros seriam custos associados à obesidade. Escalando para uma década, até 2032, a fatura chegaria a 7,8 biliões de euros.

No cenário moderado, os gastos com a saúde iriam aumentar para 14,3 biliões de euros, com os custos relacionados com a obesidade a representar 1,1 bilião de euros, ou 7,4% do total da despesa da saúde à escala global em 2032. Os gastos acumulados relacionados com o peso excessivo subiriam para 8,3 biliões de euros entre 2022 e 2032.

E, por fim, no cenário de uma subida forte da obesidade, a despesa total com a saúde deverá aumentar para cerca de 14,4 biliões de euros, com os gastos associados à obesidade a representar 1,2 biliões de euros em 2032 ou 8,1% do total das despesas da saúde. Os gastos acumulados na década ascenderiam a 9 biliões de euros

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