Portugal no top 3 com refugiados recolocados da UE
O Programa de Recolocação da UE levou à distribuição de 937 refugiados e Portugal é o terceiro país comunitário que mais pessoas recebeu. Chegaram desde novembro 149 destes imigrantes ao País, 84 vindos da Grécia e 65 da Itália, menos do que à Finlândia e à França, mas muito mais do que à Holanda, Bélgica, Espanha, Suécia, Alemanha e Suíça. O que significa que se os refugiados não entram em maior número no território nacional, também não o estão a fazer para outros destinos.
Portugal não só está entre os primeiros estados membros a receber efetivamente os refugiados, como é quem disponibiliza mais lugares, 1642 da quota proposta de quase cinco mil, segundo dados de segunda-feira da Comissão Europeia. A França é quem se propôs receber mais pessoas e atingiu as 287, mas têm menos camas disponíveis, 1300. Segue-se a Finlândia com 173 e para 270 lugares. Lisa Matos, a responsável pelo acolhimento a estes grupos no Serviço Jesuítas aos Refugiados acredita que, uma vez, a máquina oleada estes imigrantes serão redistribuídos pela UE com maior celeridade.
Chegam diariamente milhares de imigrantes à Europa pelo Mediterrâneo, só na segunda-feira entraram 1500 na Grécia, disse Klimentini Diakomanoli, a representante europeia em Atenas e que ontem fez o ponto da situação via Net para os jornalistas reunidos em Lisboa. Acrescentou que 45 mil estavam bloqueados, mas também que muitos não aparecem nos centros de acolhimento para que lhes seja dada uma resposta.
Um milhão e 46 mil refugiados em 2015, um milhão dos quais por mar, chegaram à Europa o ano passado. E outros 152 mil atravessaram o Mediterrâneo este ano. Portugal disponibilizou-se para receber 4 755 e António Costa já anunciou mais 5500. Um número que para Lisa Matos é perfeitamente exequível. "Se quem cá vive pensar nos novos imigrantes em 2014 [35 265], perceberá que é possível a vinda dessas pessoas". Defende mais formação para quem está em projetos de assistência.
Fundações pedem ação
Cento e sessenta mil refugiados a serem recolocados nos próximos dois anos é a meta da Comissão Europeia, mas quase um ano depois da decisão nem um por cento desse volume se atingiu. E são os próprios dirigentes comunitários que dizem que algo está a falhar, como Klimentini Diakomanoli.
Ontem, dirigentes de fundações e de grupos de reflexão de sete países europeus, entre os quais Artur Santos Civil, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, escreveram uma carta aberta aos líderes europeus. Sublinham ser já tempo de "de agir - não individualmente e à custa dos outros, mas em conjunto, num espírito de solidariedade europeia". Criticam a falta de "consenso entre os Estados membros sobre a forma de responder à crise" e "os objetivos a atingir ou os métodos a utilizar".
Propõem uma abordagem "em cinco grandes dimensões": controlar as fronteiras externas da UE; alargar o número de 160 mil imigrantes recolocados; acelerar a respostas aos pedidos de asilo; melhorar as condições de vida dos refugiados que ficam em países próximos dos de origem e trabalhar para acabar com "os conflitos violentos que são as principais causas da crise".